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Edição 201      29 de abril de 2008


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Conhecendo o Ladif

Priscilla Prestes - AGN/CT

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Desde 1988, ano de sua criação, o Laboratório Didático do Instituto de Física (Ladif) tem realizado sua função de acervo aos professores que optam por fazer do ensino da Física algo mais interessante e próximo do real. O Ladif é aberto para estudantes do ensino fundamental, médio e universitário e tem como premissa trazer para a realidade desses alunos uma nova forma de aprendizado, voltada para a observação dos fenômenos físicos do nosso cotidiano e que, dessa forma, desmistifica a Física inacessível. O laboratório é coordenado pelos professores Maria Antonieta de Almeida e Hélio Salim.

Atualmente, o laboratório produz vídeos didáticos e promove cursos e projetos voltados para a comunidade educacional. Segundo Maria Antonieta Almeida, o material produzido serve de ferramenta nos ensinos fundamental e médio.

– É um trabalho fantástico aproximar a Física desses alunos. Nós explicamos o que eles observam, sem equações matemáticas. Utilizamos uma linguagem simples para explicar coisas complicadas – afirmou.

Ela explicou que os responsáveis por desenvolver essa linguagem são os alunos da licenciatura noturna. “Os alunos da licenciatura noturna muitas vezes dão aula enquanto estudam. Então eles trazem os seus alunos para o laboratório e dão continuidade a esse trabalho”, disse.

Para a coordenadora, o laboratório consegue mudar a visão de ciência dos alunos. Segundo ela, eles saem de lá convencidos de que a ciência foi utilizada para explicar o que observaram. “A idéia é mandar os alunos observarem o que está acontecendo, perguntar o que estão vendo, o que acham e, depois, com uma linguagem de transposição bem simples, mas não errada, explicar o que está acontecendo“, explicou.

Maria Antonieta afirmou que a importância do Ladif está em desconstruir a noção de Física como uma Ciência de quadro-negro, visão difundida nas escolas. “Na realidade, ao contrário do que normalmente as escolas ensinam, a Ciência nasce da observação e da necessidade de explicar a natureza. Em geral, você olha um fenômeno, aprende como ele funciona, faz um modelo e, desse, uma teoria. Nas escolas de ensino fundamental, médio e em grande parte das aulas da universidade acontece o contrário, o que se mostra é o modelo no quadro-negro”, argumentou a coordenadora.

A coordenadora divulgou que o LADIF é responsável por abranger as disciplinas do ciclo básico do curso de Física; acontece o mesmo com os experimentos produzidos. “Os fenômenos físicos aqui observados são em maioria experimentos de mecânica. Os mais interessantes são os da mecânica do corpo rígido; eles têm comportamento bem diferente do comportamento previsto pela mecânica dada na escola. Também trabalhamos com os osciladores, que envolvem a parte de ondas, de ressonância, além de experimentos de eletromagnetismo, que formam a base tecnológica de transmissão e aproveitamento de energia em equipamentos. Há também os experimentos básicos de óptica”, exemplificou Maria Antonieta.

Segundo a coordenadora, o laboratório não possui experimentos de Física Moderna, devido à falta de verbas.  “Os experimentos são baseados, em sua maioria, em medições; temos que trabalhar em cima deles, como, por exemplo, a observação dos raios emitidos pelos átomos e moléculas”, disse.

Maria Antonieta contou que entre os planos de reforma para o LADIF está o de transformá-lo em um laboratório temático. “Em vez de ter vários experimentos pela mesa e guardados no armário, a idéia é organizá-los em temas, de forma que os ligue à vida. Sendo, na realidade, esse o papel da Física, que existe para explicar a vida e, não, o contrário”, argumentou.

Para ela, os laboratórios devem cumprir sua função de possibilitar que os alunos mexam nos equipamentos e desenvolvam a parte experimental de olhar para algo, sendo capaz de pensar e testar o inexplicado. Segundo ela, não raro, os elementos utilizados nos laboratórios já estão prontos, o que não permite que o aluno pense.

– No Brasil, nós temos que andar, mesmo contra todas as condições desfavoráveis. No entanto, subdesenvolvimento é não refletir sobre como fazer ensino, sobre como integrar ensino à pesquisa e sobre o reconhecimento do valor de cada tipo de trabalho – argumentou Maria Antonieta.

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