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Edição 188      18 de dezembro de 2007


De Olho na Mídia

Olha a chuva! É mentira...

Nathália Perdomo

imagem ponto de vista

Nos últimos dias, diversos veículos vêm reportando a escassez de chuva no país, considerada a pior desde o apagão de 2001. A partir dessas matérias, a população volta a pensar nos impactos que um outro possível racionamento de energia elétrica poderia causar sobre a produção, os investimentos no setor industrial e o cotidiano da sociedade brasileira.

Para elucidar o assunto, o Olhar Virtual entrevistou Luiz Maia, professor do Departamento de Meteorologia da UFRJ. Segundo ele, o ano de 2007 apresentou uma variação significativa de anomalias de precipitação, sobretudo nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste.

De acordo com Maia, no balanço geral, as indicações apontam para um déficit anual de chuvas no Sudeste, comprometendo a geração de energia por hidroeletricidade. Entretanto, hoje, diferentemente de alguns anos atrás, a região tem um potencial razoável de geração de energia por meio da termoeletricidade — sem se esquecer da carência da oferta de gás para as termelétricas do Sudeste. 

O professor admite ser difícil falar em racionamento, pois o governo tem fornecido energia gerada no Brasil para outros países, como faz com a Argentina. “Outro aspecto a ressaltar é que devido ao sistema de fornecimento de energia ser interligado, o país tem problemas de transmissão”, acrescenta.

Diante das complicações geradas pela escassez de chuva, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chip, afirmou que, caso a seca no Nordeste persista, será necessário acionar térmicas a óleo. Para Luiz Maia, havendo a necessidade de geração de energia por termelétricas, o acionamento destas deverá seguir a seguinte ordem: gás natural, óleo diesel, óleo combustível e, por último, carvão mineral. “Esta regra obedece a padrões ambientais. Não creio haver interesse das termelétricas, pois, segundo empresários do setor, seus lucros são maiores com as térmicas paradas”, avalia o professor, ao ser questionado sobre a possibilidade de a mídia “bancar” interesses dos donos das usinas.

Apesar das críticas à leviandade da cobertura midiática, Luiz Maia faz uma avaliação positiva. “A mídia tem dado muito crédito às questões ambientais. Isso é positivo, pois amplia a capacidade de conscientização da população. De modo geral, não vejo sensacionalismo da imprensa, mesmo porque as informações por ela divulgadas são tomadas em meios credenciados para os assuntos”, conclui.

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