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Edição 184      13 de novembro de 2007


No Foco

O locus da cultura

Aline Durães

foto no foco

Em março de 2006, após de um período de nove anos fechado, o auditório Roxinho, palco de numerosos eventos e berço de lutas históricas dos movimentos sindical e docente nas décadas anteriores, reabriu suas portas. Com a reinauguração do Roxinho, iniciava-se a concretização do audacioso projeto de criação de um centro cultural para a Ilha da Cidade Universitária.

Quatro meses depois, o Centro Cultural Professor Horácio Macedo foi inaugurado, compreendendo não só o auditório, mas também a Biblioteca Central, o anfiteatro e o salão nobre do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). Desde então, a comunidade acadêmica passou a contar com atrativas opções de lazer promovidas pelo complexo cultural que prima, acima de tudo, pela qualidade. “A intenção era não só resgatar alguma coisa que já existiu no passado, mas também promover um Centro, com novas atrações. Esse é o primeiro passo na direção da promoção de uma vida cultural no Fundão, para uma comunidade ainda carente de espetáculos dessa natureza”, afirma Ângela Rocha dos Santos, decana do CCMN e principal articuladora do Centro Cultural.

Ao longo de 15 meses, foram cerca de 300 eventos organizados, entre acadêmicos, shows de música, apresentações teatrais, sessões cinematográficas e espetáculos de dança. Clássicos do cinema nacional, como Carlota Joaquina e Terra em transe, e renomados artistas da música popular brasileira, entre eles Mart’nália, Casuarina, Vander Lee e Moraes Moreira, já tiveram vez nos palcos do Centro Cultural.

Ao contrário das casas de espetáculos tradicionais, o Centro pretende levar algo além da música ao público: “A preocupação do centro cultural deve ser a formação da platéia; ele precisa proporcionar mais do que música aos presentes, tem que fornecer informação e conhecimento acerca da história da nossa música. O show do Moraes Moreira, por exemplo, foi produtivo nesse sentido. Muitos jovens que desconheciam a sua trajetória puderam conhecê-la a partir da apresentação que o baiano fez aqui, pois ele não se limitou a cantar. Ele intercalou música e história, com partes de um livro dele que está para lançar”, conta Keila Chimite, coordenadora de eventos culturais do espaço.

Pedro Rougemont, estudante do 6º período de Ciências da Computação, assegura que os eventos do Centro Cultural, em especial os filmes nacionais, possibilitaram uma familiaridade com as produções nacionais. De acordo com o aluno, presente a mais de vinte apresentações, o dia fica melhor depois de assistir aos eventos. “Gosto dos curtas-metragens e dos filmes experimentais. Vi até um filmado por índios que registravam as tradições de sua tribo. Muito bacana. O prazer e a realização de assistir a uma boa produção, filme ou peça, me completam e me extasiam para o resto do dia. Então, recomendo a quem estuda na Ilha do Fundão que fique por dentro da programação do Centro. É um prato cheio para quem quer cultura”, convida.

Outro fator que diferencia o Centro Cultural Professor Horácio Macedo das casas de show comerciais é a entrada franca. Todos os eventos promovidos no espaço são gratuitos, e os estudantes não precisam de senha para assistir aos shows. “O Centro é aberto. Basta entrar e participar”, diz Keila. A produtora garante também que os artistas se surpreendem após as apresentações no Roxinho: “A Mart’nália, por exemplo, ficou muito surpresa. Ela chegou aqui como gente comum e não como artista. Isso foi muito diferente para ela. Em entrevista, a cantora afirmou imaginar que as pessoas, principalmente os estudantes, não fossem ficar mais do que 20 minutos no show. Mas elas ficaram e o show aconteceu em um clima muito legal”, lembra.

Apesar de se localizar no CCMN, o Centro Cultural atrai visitantes de várias unidades e Centros da UFRJ. Filipetas, banners e flyers virtuais são ferramentas de divulgação distribuídas por toda a universidade, mas, segundo Keila, a razão do sucesso dos eventos é a propaganda boca-a-boca. A produtora acredita que, depois de ir pela primeira vez ao espaço, os estudantes divulgam aos amigos suas impressões do lugar e levam novos freqüentadores aos eventos seguintes.


Bastidores

O Centro Cultural Professor Horácio Macedo se mantém com o patrocínio da Decania do CCMN e de editais lançados pela Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) e pelo Banco do Brasil. As verbas, no entanto, são restritas. Os artistas recebem apenas uma ajuda de custo equivalente a 20% do cachê cobrado em shows convencionais.

Recentemente, o Centro obteve o apoio da empresa Porção Mágica, que disponibiliza doces e salgados para os artistas no camarim. Ainda assim fica difícil atender a todos os pedidos inusitados: “Eles pedem coisas excêntricas, mas eu aviso que não temos condições de cumprir todas as solicitações. Não podemos, por exemplo, providenciar uma quantidade muito grande de toalhas brancas ou garrafas de whisky. Mesmo assim, tentamos fazer o possível”, expõe Keila Chimite, completando que a cordialidade da recepção é o diferencial oferecido pelo Centro Cultural aos artistas.


Programação 2008

Os eventos de 2007 se encerram oficialmente em novembro, mas a programação de 2008 já está pronta. Essa programação, realizada em parceria com o Centro de Tecnologia (CT), foi aprovada pelo Ministério da Cultura (MinC) e poderá captar recursos com base na Lei Rouanet, que permite deduzir do imposto de renda da empresa os gastos com o patrocínio.

A produção não divulgou a programação, mas garante que eventos e artistas renomados estão previstos para o próximo ano. Para o futuro, a decania do CCMN pretende ampliar o Centro Cultural, através da construção de um teatro de arena e de salas de multimídia e da edificação de um museu.

Para finalizar, Keila lembra ainda que os alunos interessados em apresentar suas bandas de música na sessão “Prata da casa” do Centro Cultural, destinada especificamente aos estudantes, poderão se inscrever, ao longo de todo o ano, junto à Coordenação do espaço.

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