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Edição 145      18 de janeiro de 2007


Ponto de Vista

Incubadoras: impulso ao empreendorismo

Kareen Arnhold/AgN Praia Vermelha

imagem ponto de vista

Num país cujo mercado é saturado de empresas e em que a burocracia é enorme, grandes empreendimentos acabam sem estímulo para saírem do papel. Transformar boas idéias em negócio — com estabilidade para enfrentar a concorrência do mercado de trabalho — é a função das incubadoras de empresas, instituições que visam reduzir a mortalidade de micro e pequenas empresas, ao oferecer formação complementar ao empreendedor, apoio estratégico e suporte técnico e de gerenciamento em seus primeiros anos de existência.

Para falar sobre a importância das incubadoras no auxílio ao desempenho de empresas que querem aventurarem-se, o Olhar Virtual conversou com Maurício Guedes, coordenador da Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ (COPPE/UFRJ), que ressaltou o papel fundamental da universidade no que diz respeito a este tipo de empreendimento no país.

“Incubadora de empresas é um ambiente protegido, em que uma nova vida se instala por um período limitado de tempo, e cujo papel é apoiar as empresas residentes (não gostamos do termo “empresas incubadas”) de forma eficaz. No caso das incubadoras universitárias, seu papel se expande ao fato de mostrar para a sociedade em geral que a atividade acadêmica, de ensino e de pesquisa, pode gerar inovações, emprego e renda.

O ambiente brasileiro tem muitas características adversas para a atividade empreendedora, tais como a política econômica pouco convidativa e as elevadas taxas tributárias e de juros, além da complexidade na legislação tributária nacional. Mas, apesar dos obstáculos para se lançar novas empresas, a atividade acadêmica em universidades como a UFRJ gera um capital intelectual importantíssimo, o qual deve ser explorado.

Para não desperdiçar este capital intelectual, no Brasil — ao contrário de outros países, em que a criação de incubadoras de empresas aconteceu por uma determinação dos governos em promover programas deste tipo —, as universidades, ao perceberem que poderiam ter um papel adicional na sociedade, mobilizaram-se na criação de incubadoras de empresas. Ou seja, aqui, a implementação de incubadoras foi uma iniciativa que veio de baixo para cima, com as universidades buscando o apoio de instituições variadas como Sebrae, prefeitura e até mesmo governo federal, para poderem atuar na sociedade com sua bagagem de conhecimento.

Antigamente, a trajetória acadêmica terminava no ambiente acadêmico. Hoje não é assim; a pessoa acumula capital intelectual em seus cursos de graduação, mestrado, doutorado, e depois pode usar esse capital para a criação e gerenciamento de uma empresa. Esta nova modalidade de transbordar o conhecimento para fora da universidade, move as incubadoras universitárias e acaba por impulsionar bons negócios. É exatamente isso o que estamos fazendo na incubadora da COPPE/UFRJ: ao apoiar empresas, estamos demonstrando a possibilidade de transformar capital intelectual em atividade econômica, em empresas inovadoras.

Hoje, o Brasil tem mais de trezentas incubadoras funcionando, entre as quais está a da COPPE/UFRJ, que, em dez anos, já abrigou quarenta empresas empregadoras de mais de uma centena de mestres ou doutores; é um tipo de empresa especial, intensiva em conhecimento. Um dos critérios para o ingresso na incubadora da UFRJ é o conteúdo inovador e a capacidade de fazer a diferença na cadeia produtiva em que as empresas se inserem”.

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