Entrelinhas

A Linguística sob os holofotes do conhecimento

 

Matheus Paiva

Divulgação

 O dia 15 de setembro será marcado pelo lançamento do livro Introdução à Linguística Cognitiva (Editora Contexto, 176 páginas, R$ 33), obra de Lilian Ferrari, professora do Departamento de Linguística da UFRJ. O livro traça um panorama dos principais pressupostos teóricos e contribuições analíticas que caracterizam a Linguística Cognitiva. Ao apresentar os principais modelos que constituem esse campo, a obra facilita o acesso aos conhecimentos disponíveis, funcionando dessa forma como uma excelente introdução à área, carente de publicações nacionais com essas características.

Lilian, que possui doutorado em Linguística pela UFRJ, pós-doutorado pela University of Southern California e, há 15 anos, trabalha na área, conta que a motivação para construir o livro veio justamente da falta de obras nacionais de caráter introdutório.  “No Brasil não havia uma obra de introdução à área da Linguística Cognitiva; senti a necessidade de fazer um texto nesse estilo. Por ser também um campo de conhecimento relativamente novo, a maior parte dos livros está em inglês, escritos por grandes nomes como George Lakoff e Gilles Fauconnier. E isso limitava meu trabalho, já que alguns alunos tinham dificuldades com o inglês ou não tinham acesso aos livros importados. Logo, foi uma tentativa de tornar o conhecimento acessível aos estudantes, de aproximá-lo de algo que é inerente a ele, que é a linguística cognitiva”, explica a professora.

O livro, dividido em oito capítulos que articulam teoria e prática em análise linguística, tem um caráter didático. Os modelos que constituem o campo foram então recortados para facilitar a compreensão didática mesmo que na prática se contemple o constante entrelaçamento entre as vertentes. Segundo Lilian, os capítulos foram organizados com o intuito de viabilizar uma visão geral da área, não significando uma divisão rígida entre os modelos. “Os exercícios no final de cada capítulo refletem esse privilégio à ordenação didática. As pessoas precisam ter um panorama básico de uma das vertentes da Linguística. Pois a linguística também é uma ciência, assim como a Física que estuda as leis da natureza e a astronomia que estuda as galáxias e constelações. Porém isso não é fácil de notar; é uma complexidade a ser explicada”, argumenta.

O primeiro impacto com a expressão “Linguística Cognitiva” pode assustar, mas Lilian faz questão de descontruir essa primeira impressão: “a Linguística Cognitiva tem uma proposta conexionista. Um mesmo princípio pode atuar em vários níveis; há algo de cognitivo que é universal. Como categorizamos o mundo? Como fazemos o sentido do mundo? A Linguística Cognitiva busca compreender esses sistemas de conhecimento e tem auxílio do trabalho de outras áreas, como a Psicologia e a Antropologia”. Para reforçar o argumento da professora, há um capítulo no livro, “Metáforas e Metonímias”, que pode relembrar àqueles não muito familiarizados com a Linguística Cognitiva que essa área de estudo é familiar: “As metáforas e metonímias são característicos da poesia, da literatura. São figuras de linguagem? São, porém como reflexo do pensamento humano. São concepções, processos do pensamento que é metafórico; e elas se baseiam na nossa experiência corpórea e emocional. O cotidiano está repleto delas. Uma vez pedi aos alunos para que procurassem metáforas e metonímias nas manchetes de jornais e revistas e eles se surpreenderam com a grande quantidade que encontraram”, defende Lilian.

O lançamento do livro acontecerá no próximo dia 15, às 13h, no auditório C2 da Faculdade de Letras da UFRJ.