Ponto de Vista

Estudante da UFRJ ganha prêmio por trabalho sobre Economia Solidária

 

 

Luciana Guedes

 

“Viabilidade Técnica e Econômica na Elaboração de Produto a Base de SURIMI, sob o enfoque da Economia Solidária” esse é o título do trabalho contemplado pelo Prêmio Oscar Niemeyer de Projetos Finais de Graduação e Pós-Graduação, do estudante da Escola de Química da UFRJ, Gustavo Jorge Gomes Pacheco.

A pesquisa contou com a orientação das Professoras Ana Lucia do Amaral Vendramini e Flávia Chaves Alves. A premiação foi realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), na sexta- feira, dia 17 de junho, no Palácio Tiradentes, na Praça XV. Em entrevista para o Olhar Virtual, Pacheco conta mais sobre sua pesquisa.

Olhar Virtual: Qual o principal objetivo da sua pesquisa?

Gustavo Pacheco: Este trabalho teve como objetivos principais o estudo da viabilidade técnica da produção de surimi e a viabilidade econômica de um empreendimento econômico solidário de beneficiamento de pescado no município de Macaé/RJ, através do estudo de diferentes modelos econômicos (MEI, Simples Nacional e Cooperativismo). O surimi pode ser definido como um concentrado úmido protéico de músculo de peixe, praticamente sem sabor e odor, produzido por repetidas lavagens do pescado triturado, que pode ser congelada após a adição de agentes crioprotetores, para a manutenção das características de gelificação, importantes na elaboração de produtos derivados.

Olhar Virtual: Qual foi a principal motivação para realizá-la?

Gustavo Pacheco: A motivação veio após tomar conhecimento dos projetos do Núcleo de Solidariedade Técnica (SOLTEC/UFRJ) em Macaé, através da disciplina de Gestão de Projetos Solidários, oferecida aos alunos de Engenharia. Dentre os projetos do SOLTEC, há o projeto Econômico Solidário de Beneficiamento de Pescado (BENESCA). Me interessei em conhecer e participar, por tratar de assuntos pertinentes à minha formação profissional, além da oportunidade de contribuir para o desenvolvimento do pólo pesqueiro da região. Em conjunto com o SOLTEC e a minha orientadora, Ana Lúcia do Amaral Vendramini, do curso de Engenharia de Alimentos, desenvolvemos o projeto intitulado “Tecnologia Social para Beneficiamento de Pescado”, que foi financiado pelo Programa de Apoio a Extensão Universitária (PROEXT/MEC) e que contribuiu, significativamente, para o meu projeto final de graduação premiado.

Olhar Virtual: Como se dá relação de produtos à base de surimi com a economia solidária?

Gustavo Pacheco: O principal foco da Economia Solidária é desenvolver alternativas que gerem inclusão social, trabalho e renda para a população, através de empreendimentos compatíveis com a economia local. Através das pesquisas do SOLTEC em Macaé, foi apontada a necessidade de possibilitar que os trabalhadores que atuam na cadeia produtiva da pesca fossem os verdadeiros protagonistas desses empreendimentos, gerando melhores oportunidades de trabalho e renda para a comunidade pesqueira, além da necessidade de agregar maior valor ao pescado, principalmente às espécies de reduzido valor comercial. O surimipode ser empregado como matéria prima de boa qualidade na elaboração de produtos processados a serem utilizados na alimentação humana (almôndegas, quibes, lingüiças, etc..), constituindo-se em alternativa viável para o aproveitamento do pescado de baixo valor econômico da região.

Olhar Virtual: Qual foi a principal descoberta nesse trabalho?

Gustavo Pacheco: Os resultados do projeto indicaram que a produção de surimi e derivados, pela comunidade de pescadores, a partir de peixe de baixo valor comercial, são tecnicamente viáveis. Quanto à viabilidade econômica, os resultados indicaram que o empreendimento no modelo econômico do Microempreendedor Individual (MEI) apresentou melhores resultados, quando considerado um grupo de características semelhantes ao caso que foi estudado (BENESCA). Enfatizando, que este estudo desenvolvido não possui a finalidade de estabelecer um caminho prontamente definido para os projetos de beneficiamento de pescado de diferentes comunidades espalhadas pelo país, mas sim, proporcionar um conhecimento prévio sobre as características de cada modelo econômico, e seus pontos positivos e negativos em relação ao empreendimento em questão. Podendo ser utilizado como uma referência para projetos de mesma natureza.

 

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