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Ato público na faculdade de Direito



Luciana Guedes

 

A Faculdade de Direito (FD) da UFRJ realizou na última quinta-feira (31/03) um ato público em favor dos 13 presos políticos que protestavam contra a vinda de Barack Obama ao Brasil, no dia 20 de março. O ato também visa a promover as liberdades democráticas e a descriminalização dos movimentos sociais.
 
Flávio Alves Martins, diretor da Faculdade de Direito, comentou a prisão dos manifestantes. ”Ela feriu o direitos dos manifestantes. Eles foram presos de forma arbitrária, eles estavam amparados pela constituição federal, com direitos como a liberdade de expressão. O fato que levou à prisão foi o lançamento do ‘coquetel molotov’ (uma arma incendiária caseira). Ninguém identificou quem foi, ninguém provou de onde partiu, e nada foi encontrado com os presos”, completou o diretor.

O professor Martins entende que o atentado foi puramente relacionado a questões políticas. “Entendo que foi político. Os próprios pedidos feitos para eles serem colocados em liberdade foram negados. Todos eram identificáveis, sem passagem na polícia...” Os preso só foram liberados após a partida do presidente americano.

Entre os detidos estão dois alunos da UFRJ, um da Faculdade de Direito, Thiago Loureiro e outro da Faculdade de Letras, Gabriel de Melo. Gabriel esclarece os motivos para o protesto do dia 18: “Protestávamos contra o Obama, porque para nós a visita dele tem a ver com acordos com a presidente Dilma sobre o pré-sal, e, na verdade, é uma nova forma de Imperialismo.”

“A mídia tentou criar a ilusão de que todos estavam a favor”, completa o estudante. Gabriel diz que o grupo no qual ele estava se separou do restante e a prisão só aconteceu quase meia hora depois da confusão.

“Estávamos no meio do discurso fazendo o jogral (uma espécie de coro em resposta às falas daquele que discursa), finalizando o discurso. Foi aí que começamos a ouvir explosões. A maioria dos manifestantes correu para a Cinelândia e o meu grupo foi em direção à Avenida Beira Mar. Meia hora depois, quando voltávamos para a Cinelândia, fomos presos.”, disse o estudante. “Foi só pela PM que recebemos a informação de que o coquetel molotov fora jogado.”

Os ativistas, após serem levados para a delegacia e para o IML, foram encaminhados para presídios. Os homens foram para o presídio Ary Franco, em Água Santa. As mulheres foram levadas para a penitenciária em Bangu. O menor foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Até domingo a saída dos detidos foi negada. Segunda-feira, quando o presidente norte-americano deixou o país, os 13 foram libertados.

Gabriel acredita que o protesto, organizado na FD-UFRJ, deve pressionar as autoridades para o arquivamento do caso. “Várias entidades se somaram para promover esse evento. Nossa visão sobre a vinda do Obama é diferente, nós temos direito a isso. Na democracia quem gosta bate palma, quem não gosta protesta, e eu protestei”.

Há um abaixo assinado para o imediato arquivamento do processo criminal preparado contra os 13 manifestantes que foram injustamente presos na noite do dia 18 de março. O link está abaixo:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N8248