Entrelinhas

Um pouco mais de Prestes

 

 

WebTV da UFRJ e Márcia Guerra

 Os comunistas brasileiros (1945-1956/58): Luiz Carlos Prestes e a política do PCB é o novo livro de Anita Leocádia Prestes, professora adjunta de História do Brasil, no Departamento de História da UFRJ, e filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário. O lançamento da publicação aconteceu no último dia 13 de setembro, durante as atividades da conferência “20 Anos Sem o Cavaleiro da Esperança”, uma homenagem promovida pela UFRJ à memória do líder comunista.

Na obra, a autora, que já publicou outros títulos sobre o revolucionário e controverso personagem do Brasil do século XX, dá continuidade às pesquisas sobre a história do comunismo no país. A abordagem traz questões sobre a relação entre Luiz Carlos Prestes e o PCB (partido fundado em 1922), partindo do ano de 1945, quando este assumiu a secretaria-geral do Partido, e seguindo até 1956/1957, período em que se deu a crise que abalou as bases do movimento comunista internacional.

Em entrevista à WebTV da UFRJ, Anita Leocádia contou um pouco sobre a importância cultural do resgate da memória de Luiz Carlos Prestes, figura de grande apelo popular, que se tornou referência do comunismo no país.

Entrevista com Anita Leocádia Prestes

WebTV:  Qual a importância de se fazer um resgate da memória do personagem de Luiz Carlos Prestes?

Anita Leocádia: O anticomunismo ainda está presente na sociedade brasileira e ainda há muitas restrições, críticas e ataques a Luiz Calos Prestes. Ele é permanentemente silenciado pelo esforço das classes dominantes e da história oficial em apagar sua memória, ou caluniá-la. No entanto, Prestes é um personagem muito importante na história do Brasil do século XX, onde esteve presente por 70 anos.

WebTV: Qual a origem do apelido “Cavaleiro da Esperança” para se referir a Prestes?

Anita Leocádia: Esse epíteto surgiu no final dos anos 20, logo após o término da coluna Prestes, quando o prestígio de Luiz Carlos Prestes era enorme. O entusiasmo em torno da figura dele era muito grande e havia uma esperança de salvação. Isso está muito ligado ao fato de que no Brasil as pessoas estão sempre esperando ― devido ao próprio atraso e repressão ― por um salvador. Então, na época, Luiz Carlos Prestes era visto como um salvador.

WebTV: Você acredita que, hoje, a sociedade brasileira ainda espera por um salvador?

Anita Leocádia: Sim, acho que, lamentavelmente, ainda continuamos nessa situação. Esperando salvadores, correndo atrás de salvadores. Tem que ser feito um trabalho político muito grande de formação para que nosso povo entenda que é preciso se organizar e conscientizar para se ter uma atitude transformadora.