Entrelinhas

Novos materiais e seus aspectos em livro de professor da UFRJ



Thor Weglinski


Novos materiais são os recém-descobertos ou desenvolvidos, ou aqueles já conhecidos há mais tempo e que hoje são fabricados com maior qualidade e elevado desempenho funcional. Existem mais de 50 mil tipos de novos materiais para diversas utilidades: construção, indústria, embalagens. O termo começou a ser mais utilizado nas últimas três décadas, principalmente na de 1980, quando várias organizações de caráter governamental ou corporativo, além de inúmeros artigos na literatura técnico-científica, passaram a utilizá-lo. São exemplos de novos materiais: embalagens de plástico biodegradáveis, fibras recobertas com nanocompostos de prata, fibras à base de vidro ou o plástico magnético. O livro Novos materiais: tecnologia e aspectos econômicos , do professor Rupen Adamian, do setor de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da UFRJ, busca abordar vários aspectos desses materiais, além de mostrar aos estudantes suas funções e utilidades.

Olhar Virtual: Qual a importância do livro?

Rupen Adamian: O livro é acessível para todos os estudantes da UFRJ, mas principalmente àqueles dos cursos de Engenharia e de Ciências da Saúde. Para os primeiros, a publicação tem um grande valor porque aborda assuntos que não são vistos nos cursos de Engenharia, como, por exemplo, os materiais cerâmicos e polímetros que podem ser utilizados na Engenharia Elétrica. A publicação mostra também aos estudantes de Engenharia algumas propriedades e peculiaridades dos novos materiais, além ser uma primeira abordagem e incentivo para que os futuros engenheiros possam compreender e assimilar as possibilidades abertas pelas inovações. São estudados no livro aspectos econômicos e ambientais dos materiais, além de capítulos específicos sobre categorias de matérias, como, por exemplo, o Capítulo 4, que fala sobre o aço, em contínua evolução e renovação, e o Capítulo 5, abordando os novos materiais cerâmicos.

Olhar Virtual: Como esses novos materiais se aplicarão à nossa vida prática?

Rupen Adamian: O livro auxilia os estudantes a conhecerem as utilidades e funções dos novos materiais, como, por exemplo, que tipo de aço devemos usar no p ara-choque, e que será diferente do aço que usaremos na panela ou na fachada de um prédio. Para os alunos das Ciências da Saúde, o livro é importante porque fala dos biomateriais, de muita utilidade na área, como, por exemplo, ligas de titânio para implantes ósseos e o uso de cerâmicas para compor uma parte do fêmur.

Olhar Virtual: Como os aspectos econômicos dos novos materiais são abordados no livro?

Rupen Adamian: Nesse aspecto, o livro pretende mostrar quais são as vantagens funcionais de um material para o outro, ou seja, quando devemos substituir um material por outro e que vantagens teremos economicamente. A pia da cozinha pode sair mais cara se a revestirmos de aço e mais barata se revestirmos de madeira, mas a madeira não é tão forte ; e são essas decisões de comprar e substituir que o livro pretende auxiliar.    

Olhar Virtual: De que forma o livro aborda os aspectos ambientais?

Rupen Adamian: O livro busca instruir o leitor sobre os problemas ambientais dos materiais na sua fabricação, uso e descarte. Não são apenas as fábricas que poluem com seus dejetos. O uso da caixa d ’agua não acarreta danos ambientais, mas quando esta é fabricada e quebrada, causa problemas ambientais por gerar muito pó. Quando usamos um avião, ele queima querosene, que polui o ar. Ao jogar um computador fora, você está descartando materiais que podem ser reciclados, como vidro e plástico, e depositando nos lixões metais perigosos como o mercúrio.

Olhar Virtual: Os novos materiais têm custos acessíveis para a população em geral?

Rupen Adamian: O custo desses materiais vai depender do contexto em que serão utilizados. Se quisermos comprar peças para um satélite, em que erros não são aceitos e ninguém poderá fazer um reparo   caso algum problema aconte ça, o preço será alto, já que temos que comprar o melhor material. Se alguém for comprar uma peça para um carro, que pode ser consertado, caso uma falha aconteça, o preço será mais baixo. Caso o consumidor compre uma Ferrari de R$ 200.000, uma peça adicional de R$ 5.000 não fará diferença. No entanto, se você comprar um Fusca de R$ 10.000 , o custo de um material adicional por R$ 5.000 será significativo.