Olho no Olho

A um passo das Olimpíadas

Igor de Matos


Eliminado na primeira fase da disputa para sede dos Jogos Olímpicos de 2004 e 2012, o Rio de Janeiro é mais uma vez candidato a receber as Olimpíadas de 2016. Pela primeira vez, o projeto do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) conseguiu passar à segunda etapa, ao lado de Chicago, Madrid e Tóquio.

O feito parece ter dado entusiasmo aos organizadores e à grande parte da população. Recente pesquisa avalia que mais de 70% dos habitantes da capital fluminense apoiam a candidatura. No entanto, as cifras astronômicas gastas nas empreitadas fracassadas anteriores ainda dão um tom de desconfiança. As prometidas obras de infraestrura para os Jogos Pan-Americanos de 2007 – jamais concluídas –, além do abandono e da privatização das instalações construídas com recursos públicos, aumentam o coro dos descontentes.

O anúncio oficial da sede acontecerá no dia 2 de outubro. Alguns sites especializados já apontaram a capital fluminense como favorita. Quais são os perigos e benefícios que a candidatura traz para a cidade? Procurando responder a essa questão, o Olhar Virtual conversou com o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) Aluizio Alves Filho e com Waldyr Mendes Ramos, diretor da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD).

“O desrespeito aos direitos humanos é uma prática comum aqui, e uma cidade que quer sediar uma Olimpíada tem que rever isso.”
Aluizio Alvez Filho
Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs)

“É óbvio que as Olimpíadas trariam grandes retornos ao Rio de Janeiro. O problema não é a candidatura, o problema é o próprio Rio de Janeiro. A violência urbana e a forma como ela é tratada na cidade são as grandes preocupações que temos que ter quando pensamos nas Olimpíadas. O desrespeito aos direitos humanos é uma prática comum aqui, e uma cidade que quer sediar uma Olimpíada tem que rever isso. A solução é a educação.

O Rio tem um histórico de grandes eventos que se iniciou na Copa do Mundo de Futebol de 1950 e ressurgiu com o Pan-Americano de 2007. Não sei muito sobre a candidatura de 2016, mas já provamos nossa capacidade de organizar esse tipo de evento.

Vale a pena apostar nas Olimpíadas. Os Jogos podem trazer muitos benefícios políticos, econômicos e sociais. Porém, o problema da violência urbana e o desrespeito aos direitos humanos são graves e não devem ser esquecidos.”  

“Destacaria, dentre os diversos benefícios a serem gerados, os investimentos no setor de transportes de massa e na melhoria dos espaços urbanos, a exemplo do que ocorreu em outras cidades que os receberam.”
Waldyr Mendes Ramos
Diretor da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD)

“Acho que há chances de o Rio sediar as Olimpíadas, em virtude de alguns fatores: o projeto está muito bem-feito, há um grande esforço das três esferas governamentais na defesa, na propaganda e nas garantias de financiamento da proposta, algo que não ocorre com os demais países e suas propostas. Em relação às outras vezes em que se candidatou, percebe-se que o atual projeto  está mais bem elaborado e vem sendo defendido com mais competência.

Sem dúvida, há oportunidade para desvios de recursos nas grandes (e pequenas) transações em nosso país. Provavelmente há promessas que deixarão de ser cumpridas, tendo em vista a grande complexidade deste evento. Porém, creio que graças à experiência dos Jogos Pan-Americanos as autoridades fiscalizadoras estarão mais atentas e os prováveis vilões deverão ter mais cuidado. Cabe à sociedade, também, exercer o papel fiscalizador.

Os Jogos Olímpicos são, indubitavelmente, o maior evento organizado pelo homem, com grande repercussão  através das diferentes mídias. Os países/cidades que os sediam se tornam alvos das atenções de todo o mundo.

O Rio de Janeiro é uma cidade ímpar pela sua beleza e pelos grandes desafios rumo à melhoria das condições de vida da sua população. Acredito que os jogos exigirão  investimentos vultosos em setores estratégicos, deixando um grande legado para a população. Destacaria, dentre os diversos benefícios a serem gerados, os investimentos no setor de transportes de massa e na melhoria dos espaços urbanos, a exemplo do que ocorreu em outras cidades que os receberam.

Anteriores