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Quando o ensino e a pesquisa encontram a extensão

Camilla Muniz

foto no foco Ensino, pesquisa e extensão. É sobre este tripé que se sustenta o conhecimento acadêmico e se constrói a universidade. Nesta semana, a UFRJ celebra o encontro dessas três forças com a realização simultânea de dois eventos. Pela primeira vez na história da universidade, acontecem juntas a Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural e o Congresso de Extensão, ratificando a importância da articulação indissociável de tais elementos.

Para Sandra Azevedo, professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) e coordenadora da XXX JIC, a união dos eventos representa um enorme ganho para a comunidade acadêmica. “Apesar de a Jornada ser de iniciação científica, artística e cultural, à parte artística, principalmente, era destinado menor espaço que o merecido. Com essa soma, todo dia teremos atividades culturais e artísticas, dando oportunidade a todos os alunos de apreciarem as apresentações. O objetivo não é fazer com que os estudantes assistam somente às apresentações de trabalho específicas da área dele, mas também permitir que ele conheça a diversidade que é a UFRJ. A soma da iniciação científica, artística e cultural com a Extensão é extremamente natural”, acentua a professora, que garante a coincidência acidental de datas. “Sem querer, agendamos os eventos para a mesma semana neste ano. Ao invés de competirmos, resolvemos unir esforços e acredito que daqui pra frente será sempre assim”, espera.

A abertura solene dos dois eventos aconteceu ontem de forma conjunta, com convidados representantes do Ministério da Educação e Cultura, Ministério da Ciência e Tecnologia, das principais agências de fomento estaduais e federais, autoridades da UFRJ e membros do comitê avaliador externo.

JIC comemora 30 anos em 2008

Em 2008, a Jornada completa 30 anos de existência. Criada em 1978, pelo professor Giulio Massarani, foi realizada apenas no Centro de Tecnologia e no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza até 1984, para no ano seguinte passar a ser um evento de toda a UFRJ. Segundo Sandra Azevedo, a 30ª edição do evento simboliza um marco do reconhecimento e da consolidação da importância da iniciação científica na formação profissional dos alunos. “O trabalho de iniciação científica mostra os novos desafios a serem encarados e os novos resultados que estão sendo produzidos pela universidade. Por isso, é preciso que a JIC siga em frente. Essa edição é histórica porque nossa jornada é uma das mais antigas do país. Ela existe muito antes do CNPq criar o programa de bolsas de iniciação científica que a tornou obrigatória nas universidades a partir de 1985”, lembra.

Como nos anos anteriores, a programação mantém o formato original da jornada, com sessões divididas por apresentações de trabalhos orais e em painéis. A novidade fica por conta de mesas-redondas com ex-alunos da UFRJ que se destacaram em seus campos de atuação. Os encontros acontecem nos dias 4, 5 e 6 e vão reunir profissionais das áreas de Exatas, Física e Tecnológicas; Letras, Artes e Humanidades e Ciências das Saúde, respectivamente. “Queremos que os alunos vejam exemplos de sucesso fora da academia. Estamos trazendo pessoas que possam dizer quais são os novos desafios em suas profissões e como a UFRJ foi importante na formação deles”, explica Sandra.

A XXX JIC também teve maior duração, com a passagem de três para cinco dias de evento. De acordo com a coordenadora, mais de 4 mil participantes e de 3 mil trabalhos estão sendo apresentados. O aumento do número de participantes se deve também a outra novidade: pela primeira vez, a organização da JIC abriu inscrições para alunos que não estão apresentando trabalhos, mas que querem participar como ouvintes. “Queremos atrair quem ainda não está na iniciação científica, artística e cultural para que esse aluno venha ver o que é feito, se interesse e comece a interagir. Achamos que para o tamanho da universidade, podemos ter mais alunos engajados nesta atividade. Não temos nem 10% dos estudantes inseridos neste programa”, ressalta a professora.

Os dez melhores trabalhos de cada centro serão selecionados pela banca avaliadora. Todos receberão menção honrosa e o primeiro lugar ganhará um prêmio em dinheiro (em torno de mil reais) e o direito de participar, com tudo pago pela Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2), do próximo SBPC.

Extensão: diálogo entre a universidade e o mundo

Promovido anualmente desde 2006, o Congresso de Extensão chega a sua quinta edição como um instrumento de diálogo entre a UFRJ e a sociedade. Isso porque o evento reúne a apresentação de trabalhos que estão ligados a projetos de extensão desenvolvidos pela universidade. “Este é o momento que esses projetos têm de mostrarem seus resultados, não só para a comunidade acadêmica, mas também para o público externo”, destaca Ana Inês de Souza, superintendente acadêmica de Extensão, da Pró-reitoria de Extensão (PR-5) e coordenadora do Congresso de Extensão.

A apresentação de trabalhos no Congresso é restrita ao público da UFRJ — alunos, técnicos-administrativos e docentes —, mas a programação cultural é aberta. Nesta edição, 378 trabalhos foram aceitos pela comissão avaliadora. As apresentações acontecem de 5 a 7 de novembro, podem ser orais, em pôsteres ou audiovisuais. Já as atividades culturais serão realizadas entre os dias 4 e 7 de novembro, ao meio-dia, simultaneamente na Reitoria, CCMN e CCS, com performances de 14 grupos bolsistas e artistas vindos da Maré.

Além disso, serão realizadas mesas-redondas que tratarão de temas relacionados a Educação e Extensão; flexibilização curricular e aplicação das atividades de Extensão; e políticas públicas, espaços populares e Extensão. Cada debate acontece em um dia do evento. Para a última mesa, foram convidadas algumas instituições que apóiam a UFRJ na Extensão, como a Petrobrás, o Ministério da Educação, Ministério do Desenvolvimento Social, Observatório de Favelas e Prefeitura de Nova Iguaçu.

Para Ana Inês, a importância da Extensão está no fato de que o aluno não pode receber somente a formação técnica, mas também uma formação direcionada ao núcleo em que está inserido. “Não podemos formar apenas químicos e enfermeiros, mas pessoas que vão lidar com pessoas. Na atividade de Extensão os estudantes aprendem a aplicar o conhecimento técnico em benefício de algum município ou uma escola, por exemplo”, afirma a superintendente.