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Inovação em iluminação

Sofia Moutinho – Agn/ CT

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Imagine-se preso em um engarrafamento, debaixo do sol quente do verão do Rio de Janeiro, por mais de uma hora e meia, devido a um caminhão que está parado trocando as lâmpadas de postes de luz. Foi esta situação desconfortante e corriqueira que levou o designer Walen Nogueira Cruz Júnior, da empresa ZipLux da Incubadora da Coppe, a criar o ZipLux, um totem de iluminação remota econômico e de fácil manutenção que foi responsável por dois troféus do Prêmio IDEA Brasil e pela posição de finalista no iF Product Design Awards 2008, o “Oscar do design” realizado anualmente em Hannover, na Alemanha.

O IDEA Brasil é a edição brasileira do maior prêmio de design dos Estados Unidos e é considerado um dos mais importantes do mundo. Este ano, 343 trabalhos concorreram em 18 categorias diferentes. A ZipLux venceu e conquistou o ouro na categoria de Iluminação em produtos comerciais e industriais, além de ter sido premiada com o troféu Destaque sustentabilidade 2008. O projeto — apresentado pela primeira vez como trabalho de conclusão de curso de desenho industrial de Walen em 1998 — foi desenvolvido em parceria com a Eneltec, empresa também integrante da incubadora da Coppe. “Esses prêmios foram um reconhecimento do nosso trabalho; o mais importante é ver que todo o estudo e o investimento estão gerando um retorno”, disse Walen.

Os benefícios do totem em relação aos postes comuns são a economia de energia elétrica e a fácil manutenção. A inovação é não usar lâmpadas no topo, como nos postes convencionais. O ZipLux tem como fonte luminosa uma lâmpada refletora na base do totem conectada a cabos de fibra ótica que distribuem a luz para o alto, a cerca de 4m de altura, e para o chão clareando a calçada. Desse modo não há perda na dispersão da luz e ganha-se em economia de energia: em vez de duas lâmpadas tem-se uma e são necessários menos postes para iluminar uma via. “A idéia é simples, em 5 minutos olhando o totem você entende” comentou Walen sobre a estrutura do funcionamento do equipamento.

A manutenção, razão pela qual o produto foi desenvolvido, é realizada facilmente com o suporte de um técnico e uma moto. É muito mais prática e econômica que a manutenção de postes convencionais que demanda tempo e o uso de aparatos pesados, como um caminhão e um andaime. “Estimamos que o custo de manutenção caia por volta de 50% com o nosso sistema”, afirmou Walen. Além desta facilidade, o ZipLux possui um design que beneficia o técnico de manutenção, permitindo que ele mantenha uma postura mais correta durante o trabalho, já que ele não precisa trabalhar com as mãos levantadas acima dos ombros ou ter contato com os gases existentes nas lâmpadas.

Apesar de ficar em uma altura acessível a eventuais depredadores do patrimônio público ou particular, a lâmpada do totem é protegida por um compartimento lacrado com um tipo exclusivo de parafuso que só abre com ferramentas especiais.

Foram criados até agora quatro modelos de totem: o ZipLux Lamp, modelo original; o ZipLux Led, que pode ser programado para acender gradativamente; o ZipLux Solar, alimentado pela luz do Sol e independente da rede elétrica; e o ZipLux Híbrido, que opera tanto com energia solar quanto com a rede elétrica. A energia solar, um grande diferencial do produto, é considerada limpa e não prejudica o meio ambiente e por isso constitui uma melhora na qualidade de vida e torna sustentável o sistema de iluminação. Todos estes modelos têm por estrutura básica uma lâmpada ou leds alimentados com cabos de fibra ótica, porém apresentam algumas variações que se exprimem em seus preços.

Sobre os preços, Walen comentou que caíram muito devido a negociações com fornecedores de matéria-prima. O ZipLux Lamp que, no começo do ano, custava R$ 12,5 mil, hoje custa R$ 9,6 mil. Já o ZipLux Solar, por utilizar uma tecnologia que requer maiores recursos para a produção, custa hoje cerca de R$ 16 mil e há cinco unidades disponíveis para clientes em estoque.

Por enquanto, os equipamentos desenvolvidos são para a iluminação de locais de média circulação de pessoas como parques, jardins, espaços públicos de convivência e pátios de shoppings, porém há o intuito da empresa de produzir totens maiores para locais de alta circulação como rodovias e estradas. “Pretendemos primeiro inserir no mercado o projeto inicial de menor porte. Temos que começar um negócio pelo início, não dar um passo maior que a perna” disse Walen.

“O maior desafio é a inclusão do produto no mercado”, afirmou Walen, que logo comentou a originalidade do ZipLux que não tem semelhantes no mercado internacional. A empresa, que já tem diversos projetos em andamento, agora se dedica à conquista de consumidores para o ZipLux e a consolidação do negócio.

“Já recebemos propostas de municípios e diversas empresas privadas, inclusive estrangeiras” disse o designer que não revelou os países interessados na importação do produto para evitar problemas com os clientes em negociação. O investimento de 1,5 milhões de reais foi exclusivamente vindo dos bolsos dos empresários da ZipLux e da Eneltec.Walen contou que, anteriormente, havia tentado inscrever o projeto em editais de subvenção, mas não obteve sucesso porque a empresa não se enquadrava em vários critérios e completou: “Estamos agora em um estágio que não mais interessamos a empresas privadas que criam estes editais”. A empresa ainda busca patrocínio, mas esta é uma meta de segundo plano diante da inserção no mercado.