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SOLTEC comemora 5 anos: “viemos para ficar”

Fernanda de Carvalho – AGN/ CT

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O dia 13 de março de 2003 marcou oficialmente o nascimento do Núcleo de Solidariedade Técnica (SOLTEC), projeto interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vinculado à Escola Politécnica (Poli/UFRJ) e que vem fazendo a diferença no âmbito acadêmico e social.

O núcleo, que comemora cinco anos na próxima quinta-feira, apóia iniciativas voltadas para a economia solidária, utilizando metodologias participativas em seus projetos sociais. A idéia não é levar soluções prontas para uma determinada comunidade, mas sim conviver com ela e construir tais soluções em conjunto, deixando-a auto-suficiente.

Os trabalhos desenvolvidos pelo núcleo contribuem para o desenvolvimento, junto aos estudantes, de competências sócio-técnicas voltadas para a geração de políticas públicas, com o objetivo de propiciar trabalho e renda, além de promover os direitos humanos.

“Acreditamos e temos convicção de que a principal função da universidade, particularmente a pública, é contribuir para que os tomadores de decisão - sejam da sociedade civil, do Estado ou das empresas - possam decidir baseados em estudos e contribuições da universidade”, declara Sydnei Lianza, coordenador geral do SOLTEC.


O exemplo de Macaé

O SOLTEC acredita que a UFRJ é comprometida com o estado do Rio de Janeiro. É preciso ir onde está o povo, dando-lhe voz e o aval científico na reivindicação e solução de seus problemas, esteja ele fora ou dentro da cidade sede da universidade. Um exemplo de projeto do núcleo que obteve sucesso e que ultrapassou os muros da UFRJ é a chamada Pesquisa-ação na Cadeia Produtiva da Pesca em Macaé (PAPESCA).

Para entendê-lo melhor, é preciso acompanhar uma breve história. O Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM/UFRJ), junto à Prefeitura Municipal, fundou uma escola de pescadores na região, que conta com o apóio do Pólo Náutico da UFRJ, ligado ao curso de Engenharia Naval e ao Núcleo Interdisciplinar UFRJMar.

Na medida em que a escola foi sendo implantada, em um trabalho de Ensino, Pesquisa e Extensão, promovido junto à comunidade local, os problemas da cidade vieram à tona.

“A qualidade da vila de pescadores se deteriorou por uma série de aspectos, dentre os quais podemos destacar a implantação da Petrobras, o decréscimo dos peixes, que vem ocorrendo no mundo todo, e a questão da degradação do meio ambiente. O rio Macaé, por exemplo, era totalmente limpo. Há dez anos, as águas eram cristalinas. Hoje ele é um esgoto, inclusive com a presença de metais pesados”, relata o professor Sidney.

O SOLTEC, então, foi convidado a ir até Macaé, onde concebeu um trabalho intitulado Diagnóstico participativo da cadeia produtiva da pesca. Tal projeto resultou no PAPESCA, que contribui para o desenvolvimento sustentável da região, em parceria com o NUPEM e o UFRJMar, e apoiado, de início, pela Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP).

Sidney considera: “Temos muito orgulho desse trabalho, porque envolvemos os cidadãos diretamente ligados à cadeia produtiva da pesca nele. É um projeto lindo, inteiramente debatido com a comunidade. Houve o respeito e o diálogo entre o saber popular e o saber científico, sem abdicar da nossa responsabilidade para com a Ciência”. Para conhecer mais sobre o projeto que se expande para Cabo Frio, Costa Norte e Região dos Lagos, acesse: http://www.ct.ufrj.br/soltec.

Um dado importante, em discussão no Conselho de Ensino para Graduados (CEPG/UFRJ), é a possível implantação - no futuro centro-campus da UFRJ em Macaé - de um curso de Mestrado e Doutorado com o nome Ciências Ambientais, Desenvolvimento Social e Políticas Públicas. Caso a iniciativa seja aprovada, toda a parte que diz respeito ao desenvolvimento social ficará sob a responsabilidade do professor Sidney e do SOLTEC, experientes quando o assunto são as linhas de pesquisa em tecnologia no desenvolvimento social e solidário.

“Para o SOLTEC, a vocação do centro-campus Macaé deve considerar o compromisso com o desenvolvimento regional. Falta ainda decidir que região será. Para nós, no momento, por conta do PAPESCA, seria no mínimo a Costa Norte e a Região dos Lagos. Com certeza estão inclusos desde São Francisco de Itabapoana até Arraial do Cabo. Nós estamos ainda em debate se vamos até Araruama”, afirma Sidney.

Atualmente, o Núcleo realiza uma pesquisa de dados secundários liderada pelo professor Lianza, cujo objetivo é identificar as possíveis questões da região que podem se desdobrar e alimentar as futuras teses de Mestrado e Doutorado em Macaé.


SOLTEC: o que ser quando crescer?

Para o professor Walter Issamu Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), o SOLTEC se diferencia de outros projetos por levar a tecnologia até a sociedade de forma direta, em prol da resolução de seus problemas. “Eu acho importante a Decania apoiar o núcleo, pois ele se insere bem na linha de projetos de Extensão do CT, dando visibilidade à preocupação do Centro com as questões sociais”, opina Walter, que também faz parte do grupo de professores integrantes do SOLTEC.

Uma das discussões mais presentes é, por exemplo, a possibilidade de o núcleo vir a transformar-se em um órgão suplementar do CT. O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, sinaliza no sentido da possível criação de um Núcleo de Engenharia e Desenvolvimento Social no âmbito do CT, composto por programas como o SOLTEC, o UFRJMar, o Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (LAFAE), entre outras iniciativas.

“Nós estamos visando que o Centro de Tecnologia deve ter uma política forte de Extensão. Quando o reitor acha interessante essa questão de Núcleo de Engenharias e Desenvolvimento Social, ele está vendo estrategicamente o papel que isto tem para a universidade”, analisa Sidney.


Comemorações

Neste ano de 2008, o SOLTEC comemora seu quinto aniversário e o sucesso de seus projetos de cunho solidário. Para festejar o marco, os “soltecos” prepararam um evento que irá contar com presenças importantes na platéia e no palco. “Cinco anos é uma data significativa, alguma coisa que veio para ficar. Esta é a nossa intenção”, afirma Sidney.

Assim como os professores, pesquisadores e estudantes da UFRJ, também foram convidados os populares que são parceiros e que estão envolvidos nos projetos do núcleo, além de representantes do governo e de entidades, todos espalhados pelo Rio de Janeiro, Brasil e mundo.

A partir das 13h30, no auditório do Bloco A, localizado no prédio do CT/UFRJ, haverá uma mesa de abertura que irá refletir sobre o tema A UFRJ e o Desenvolvimento Social, composta pelos professores Ericksson Almendra, diretor da Poli-UFRJ; Walter Suemitsu, decano do CT; Laura Tavares, pró-reitora de Extensão; e Sidney Lianza, coordenador Geral do SOLTEC.

Em seguida, no horário previsto de 15h30, ocorre uma conferência ministrada por Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, e Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

“Quando o ministro perguntou a mim, através de sua assessoria, o que eu queria deles, falei: ‘não quero que fique apresentando projeto, quero discurso político, a visão sobre a questão do desenvolvimento social e combate à fome, o papel da universidade, a maneira como esta contribui de fato’. O reitor vai interagir com essa discussão; será a UFRJ interagindo. Acho que vai ser um debate espetacular, espero que mais colegas entrem e participem”, acrescenta Sidney.

Para mais informações sobre o SOLTEC e seus 5 anos de trabalho, além de seus demais projetos, acesse a página eletrônica: www.ct.ufrj.br/soltec.