Resenha

Cidade, Ambiente e Política. Problematizando a Agenda 21 local

 

capa do livro

A questão da preservação do meio ambiente, em um percurso que remonta aos movimentos contestatórios que animaram a Europa e os Estados Unidos nos anos 1960 e inícios dos 1970, vem se constituindo em nova e relevante questão pública. Apropriado de diversas maneiras por movimentos, organizações não-governamentais (ONGs), governos, partidos, organismos centrais do capitalismo, como o Banco Mundial, e multinacionais, o discurso ambiental se converte em fonte de legitimidade e de disputa de conflitos. A Agenda 21, documento assinado por 170 governos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, foi um marco desse processo, em que termos como governança, sustentabilidade, participação e comunidade ganham circulação midiática global e ameaçam instaurar uma nova doxa. Lugares comuns, aceitos como verdades incontestes, são repetidos a exacerbação, em detrimento de uma avaliação rigorosa das suas implicações.

Resultado da colaboração do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ) e da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), através do Projeto “Brasil Sustentável e Democrático”, o livro reúne três artigos que desmontam idéias preconcebias sobre o assunto e apontam os perigos de ativistas, intelectuais e agentes da sociedade civil aceitarem os termos em que o debate socioambiental tem sido posto e os sentidos e usos que se fazem deles. No limite, poderiam estar, a despeito de suas sinceras intenções, contribuindo para legitimar o lugar subalterno a que, na moderna sociedade de mercado, os grupos com os quais se identificam estariam sendo relegados.

Henri Acselrad é docente do IPPUR/UFRJ e um dos coordenadores do seu Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (ETTERN) daquele Instituto. Cecília Campello do Amaral Mello e Gustavo das Neves Bezerra são colaboradores da FASE e pesquisadores do projeto Meio Ambiente, Economia e Política do ETTERN.

Cecília Melo é, ainda, doutoranda do Museu Nacional da UFRJ e Gustavo Bezerra do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). A apresentação é de Jean Pierre Leroy, da FASE, e a orelha foi escrita por José Sérgio Leite Lopes, do Museu Nacional.

.Autores: Henry Acselrad, Cecília Campello do Amaral e Gustavo das Neves Bezerra

Editora Garamond

Ano: 2007