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UFRJ na luta contra a AIDS

Priscilla Bastos

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1º de dezembro: Dia Mundial de Luta contra a AIDS. No ano de 2006, o número de pessoas infectadas com a doença, considerada o mau do século, é de 39,5 milhões. Desses, 63% estão localizados na África subsaariana. No Brasil, estima-se que haja 600 mil pessoas convivendo com a AIDS ou infectadas com o HIV. Apesar do número preocupante, o país conseguiu evoluir bastante nos últimos anos, com várias pesquisas em busca de uma cura e de um tratamento eficaz para aqueles que já sofrem da mazela.

O HIV é o vírus que causa a AIDS e pode demorar entre cinco e sete anos para se manifestar e levar à doença, mesmo que a pessoa não tome medicamentos ou não faça nenhum tipo de tratamento. Diz-se, então, que a pessoa com o HIV é soropositiva e está infectada com o vírus, mas ainda não tem AIDS. A doença apenas é estabelecida quando a pessoa revela sintomas de adoecimento pela acepção da AIDS. Hoje, com a utilização dos medicamentos antiretrovirais, pessoas infectadas há 15, 20 anos podem não adoecer.

O Brasil se conscientizou da importância da prevenção e, por isso, investiu em campanhas de conscientização. Nesse sentido, muitas organizações não-governamentais (ONGs) trabalham conscientizando e prevenindo, principalmente, a população de baixa renda da doença. Por isso, o país conseguiu dar uma resposta positiva contra a epidemia, que é menor do que se estimava há 10 anos, o que não significa que está estagnada; pelo contrário, a AIDS vem crescendo no Brasil. A conscientização existe, mas ainda não é totalmente colocada em prática.

No Brasil, os primeiros casos de AIDS foram registrados entre homossexuais, bem como nos EUA e na Europa, e por isso essa comunidade continua sendo a mais afetada pelo HIV. Entretanto, nos últimos anos, a epidemia cresceu entre heterossexuais, pois não se dava muita importância para a prevenção do vírus, que parecia ser exclusivo dos homossexuais. Entretanto, esse quadro já apresenta modificações consideráveis, principalmente entre as mulheres. No início dos anos 90, havia uma mulher infectada para cada 30 homens; hoje, essa relação é de uma para dois doentes.

UFRJ contra a AIDS

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conta com dois projetos pioneiros relacionados à AIDS. O Programa de Assistência à Gestante HIV Positiva, do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), faz um trabalho de prevenção da transmissão vertical do vírus e seu tratamento precoce, evitando que a mãe infectada passe a doença ao bebê. Além disso, o Projeto Praça Onze, do Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA), realiza pesquisas clínicas voltadas para as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), principalmente HIV e AIDS.

O Programa de Assistência à Gestante HIV Positiva recebe, por mês, uma média de 50 gestantes e é uma referência em tratamento em todo o Estado do Rio de Janeiro. A enfermeira Iraína Fernandes explicou que o tratamento prevê assistência a todas as fases da gestação: "o mais importante é que seja feito um pré-natal desde o início da gravidez, pois, quanto mais cedo a descoberta da doença, maiores as chances de ela não ser transmitida à criança". Mesmo após o nascimento, há chances de o recém-nascido não se infectar com a doença: "há todo um acompanhamento na pediatria, até que se confirme que a criança não recebeu o vírus da mãe", esclareceu a enfermeira.

O Projeto Praça Onze, que funciona desde 1995, tem um foco maior para pesquisa clínica, principalmente de dois tipos: pesquisas de novas drogas e estratégias de tratamento para pessoas já doentes, e pesquisas de vacinas preventivas contra o HIV, ou seja, para que pessoas que não têm AIDS não venham a se contaminar. De acordo com a coordenadora de educação do projeto, Mônica Barbosa, hoje são realizados três estudos de vacinas e produtos candidatos à vacinas preventivas e sete estudos de novas drogas e estratégias para o tratamento de pessoas que já têm o HIV. Para isso, são utilizados voluntários: "aqui no Praça Onze, nós reunimos tanto voluntários de estudos de tratamento — pessoas que já são soropositivas —, quanto voluntários de estudos de vacina", explicou Mônica. A coordenadora ressaltou a importância da descoberta de novos medicamentos contra a doença: "muitas vezes, pessoas que tomam medicamentos anti-HIV desenvolvem resistência a eles e adoecem mesmo em tratamento. Por isso, é importante que se descubram novas drogas, para substituir aquelas que estão falhando".

A maior esperança de se controlar a epidemia de AIDS a médio prazo é a descoberta de uma vacina preventiva. "O tratamento é fundamental para os soropositivos, mas, para controlar a doença, é muito importante que se descubra a prevenção. Quase todas as epidemias foram controladas pela vacinação, como a varíola, por exemplo, que foi exterminada dessa forma", destacou Mônica. Por conta disso, a coordenadora fez um apelo: "nós procuramos também pessoas saudáveis, soronegativas, que queiram ser voluntárias na busca da vacina preventiva contra o HIV".

O Programa de Assistência à Gestante HIV Positiva atende às segundas e sextas-feiras, de 8h às 12h, no IPPMG, localizado no Campus do Fundão. Já o Projeto Praça Onze funciona no HESFA, localizado na avenida Presidente Vargas, 2863, Centro, e atende pelo telefone 2273-9073. Mais informações nos sites www.ippmg.ufrj.br e www.pracaonze.ufrj.br .