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Reitor da UFRJ diz que vestibular é "cruel"

Depois de percorrer as salas de aula onde se realizavam as provas do segundo e último dia de provas do Vestibular 2007, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Aloísio Teixeira, classificou de "cruel" o sistema de ingresso na instituição e prometeu empenho para aprovar já para o próximo concurso a reserva de 5% a 10% das vagas para alunos da rede estadual.

"A filtragem é muito cruel, os alunos de baixa renda nem tentam esse vestibular. Não se pode comparar alunos que estudam até sem professor de matemática com outros, que viajam todo ano para o exterior", disse Teixeira, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), onde se concentrava o maior número de vestibulandos.

O reitor, que sempre se manifestou contra as cotas, por entender que o problema da exclusão é a desigualdade de renda, e não de cor, acredita que a reserva de vagas possa ser implementada no próximo concurso, desde que seja aprovada pelo Conselho Universitário. Algumas faculdades, como a de Medicina, são contra a medida, proposta pelo Plano de Desenvolvimento Institucional, que prevê uma política universitária para os próximos cinco anos.

O segundo e último dia de provas do vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) registrou um baixo índice de faltas. Apenas 13,3% — 6.065 — dos estudantes deixaram de comparecer a uma das etapas. Foram 48.856 candidatos inscritos, dos quais 42.791 continuam na disputa por uma das 6.625 vagas.

O vestibular da UFRJ é considerado difícil, não apenas por causa da relação candidato-vaga ser uma das mais altas, mas também porque todas as provas são discursivas. Ontem, os alunos responderam a questões sobre as disciplinas específicas de cada curso.

O estudante Jaime de Araújo da Cunha, de 19 anos, considerou as provas de matemática, química e física difíceis e disse ter deixado muitas questões em branco. Ele concorre a uma vaga no curso de engenharia elétrica.

Os portões foram fechados pontualmente às 9 horas e os poucos alunos que chegaram atrasados não puderam entrar. As desempregadas Sônia Ferreira Jordão, de 25 anos, e Rosirene Claudino Cabral, 37, que conseguiram isenção de inscrição por estudarem num curso de pré-vestibular comunitário, perderam a prova: "ficamos esperando o ônibus, que demorou para passar", lamentou Rosirene.

O estudante Igor Coury Rodrigues da Silva, de 17 anos, teve mais sorte. Quando chegou à sala onde faria a prova, descobriu que esquecera a carteira de identidade, documento necessário para fazer o exame. Ligou desesperado para o pai, o comerciante Leonardo Rodrigues da Silva, que mora no Lins. "Arrumei um carro emprestado e vim correndo", disse ele, que foi o último a entrar no Campus da Uerj antes do fechamento dos portões. Silva conseguiu entregar o documento ao filho.

 

Veículo: Yahoo Notícias   Data: 02/11/2006   Editoria: Manchetes