Ponto de Vista

Pesquisa de vacina preventiva contra a AIDS não oferece risco a voluntários

 

Vanessa Sol

imagem ponto de vista

A cura da AIDS ainda é um mistério a ser revelado. No entanto, as pesquisas científicas estão cada vez mais avançadas e pesquisadores no mundo inteiro buscam encontrar uma vacina preventiva contra o vírus.

No Brasil, o projeto Praça Onze, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que estuda doenças infecciosas, principalmente, as sexualmente transmissíveis, está realizando o terceiro teste de vacina preventiva contra o vírus HIV.

Porém, ainda faltam voluntários para participar da pesquisa. O medo de contrair o vírus é o maior tabu a ser enfrentado.

Para mostrar que é possível romper o medo e participar do projeto de pesquisa, o Olhar Virtual entrevistou a psicóloga e coordenadora de Educação Comunitária do projeto Praça Onze, Mônica Barbosa. Ela esclareceu que os testes não oferecem nenhum risco de contaminação aos voluntários e os interessados em participar podem entrar em contato com a equipe do Praça Onze pelo telefone 2273-9073, de segunda a sexta, das 8h às 16h.

“Hoje, existem 40 milhões de pessoas no mundo infectadas com o vírus HIV. No Brasil, este número se aproxima de um milhão. E uma das melhores maneiras de se controlar uma epidemia é através da descoberta de uma vacina preventiva. Através dela é possível diminuir, consideravelmente, o surgimento de novos casos, fazendo com uma epidemia perca força a médio e longo prazo.

No caso da AIDS, ainda não existe um medicamento dessa natureza. No entanto, há mais de dez anos já existem testes para a descoberta da vacina anti-HIV. No Rio de Janeiro, o projeto Praça Onze, desde 1995, vem fazendo estudos preparatórios para o desenvolvimento dessa vacina. E os testes propriamente ditos começaram em 2000.

Entretanto, só será encontrada uma vacina contra o HIV com a participação de voluntários, que se disponham a testá-la. A descoberta de uma vacina definitiva precisa, necessariamente, ser experimentada em humanos porque o vírus HIV só acomete esses seres.

É importante ressaltar que, as vacinas anti-HIV que estão em estudo, não têm nenhuma probabilidade de contaminar alguém, porque não contêm o vírus em sua formulação. Elas não têm o vírus vivo, nem morto ou qualquer pedaço dele. Ela é uma vacina sintética, produzida em laboratório, que tem a função de estimular a defesa do organismo contra o HIV. E será preventiva, caso os estudos se confirmem, tendo por objetivo limitar a epidemia.

Um dos maiores medos das pessoas é o de se contaminar através da vacina ou de receberem o vírus de alguma forma para que se verifique se a vacina funciona ou não. Isso não pode acontecer, pois é absolutamente antiético. Não há nenhuma possibilidade que o voluntário se infecte tomando a vacina. Isso significa que participar da pesquisa não envolve nenhum risco? O único risco é ter algum efeito colateral. Todo medicamento tem algum tipo de efeito, mesmo aqueles que são usados no dia-a-dia.

Um dos objetivos da pesquisa também é avaliar que tipo de efeito a pessoa terá mediante a vacinação. Normalmente, as vacinas não têm nenhum tipo de efeito colateral grave. O efeito identificado, geralmente, é semelhante ao estado gripal.

Tudo que diz respeito à Aids e ao HIV ainda é muito assustador. As pessoas se sentem vulneráveis e acham que terão seu nome ligado à doença ou que serão infectadas pelo vírus. Além disso, idéia de pesquisa também não está muita clara na cabeça das pessoas, que acham que serão contaminadas ao participar da pesquisa.

Todos os estudos que são realizados passam por uma avaliação rigorosa para obterem a aprovação ética e técnica. O Comitê de Ética da UFRJ tem que dar seu parecer, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) tem aprovar a pesquisa, a Comissão Nacional de Pesquisa também tem de aprová-la, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério de Ciência e Tecnologia.

A pessoa não corre o menor risco de contrair o HIV participando da pesquisa. Para participar do projeto de vacinação preventiva é necessário ser saudável, ou seja, não ser hipertenso, ter diabetes ou qualquer outra doença que possa interferir nos resultados ou que o quadro possa se agravar com os testes. Ter entre 18 e 25 anos. Ser soronegativa e ter disponibilidade para comparecer com regularidade ao projeto”.