• Edição 155
  • 19 de abril de 2007

De Olho na Mídia

Grupo acha minicrocodilo no interior de SP

foto no foco

Entre os grandes, ele era um nanico. Enquanto dinossauros pescoçudos com dezenas de toneladas pisoteavam o chão do que um dia seria o interior paulista, um crocodilo de apenas 50 cm de comprimento, menor do que qualquer jacaré atual, também dava um jeito de levar a vida. O bicho, batizado de Adamantinasuchus navae, teve seus restos descritos por paleontólogos brasileiros, que o apresentaram ao público nesta terça-feira (17).

O animal foi descoberto nas obras de construção de uma represa por William Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília (SP). Nava, um dos principais caçadores de fósseis do interior paulista, conta que foi ao local da represa em busca de possíveis achados. “Sempre costuma aparecer alguma coisa nessas obras. Mas quando eu cheguei o lago da represa já estava sendo enchido.” Mesmo assim, foi possível encontrar os fósseis do A. navae, em rochas que parecem datar de 90 milhões de anos atrás.

A análise morfológica do bicho, que permitiu mostrar que se trata de uma nova espécie de crocodilo extinto, foi feita por Pedro Henrique Nobre e Ismar de Souza Carvalho, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graças ao achado, Nava foi homenageado com o nome navae.

“A grande peculiaridade dele é que se trata de um animal muito pequeno. Lembra muito um cachorro chihuahua”, declarou Carvalho. O crânio da criatura tem outras características curiosas: olhos muito grandes em relação ao resto da cabeça e os dentes da frente muito protuberantes.

Juntando esses dados com o tamanho reduzido, os pesquisadores estimam que o animal teria hábitos noturnos –- ótimo motivo para ter olhos grandes –- e comeria pequenos animais, talvez insetos e até carniça. Os dentes talvez facilitassem a tarefa de “fisgar” a presa. São traços muito incomuns entre os crocodilos de hoje. “Eu diria que ele é uma Carmen Miranda –- pequena, mas notável”, brinca Carvalho.

O trabalho foi publicado na revista científica “Gondwana Research” e teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

 

Veículo: Portal G1   Data: 17/04/2007   Editoria: Ciência/Paleontologia