• Edição 146
  • 01 de fevereiro de 2007

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Comunicação Social em alta

Fabíola Ortiz / Agn Praia Vermelha

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O Olhar Virtual realiza esse mês uma série sobre os cursos mais concorridos no vestibular de 2007. Em quarto lugar no ranking, a Comunicação Social está bastante visada pelos vestibulandos e perde apenas para Medicina, Engenharia do Petróleo e Engenharia de Computação e Informação.

De acordo com as estatísticas de 2006, são mais de 50 mil candidatos para uma média de 6600 vagas que a UFRJ oferece anualmente no vestibular. A Comunicação Social está em alta, só em 2006 o curso contou com quase 3.800 candidatos para 202 vagas oferecidas. A relação candidato vaga foi de 18.76.

Para falar um pouco mais sobre a carreira e o curso, as perspectivas do mercado de trabalho e a importância da comunicação atualmente, o Olhar Virtual conversou com a Diretora da Escola de Comunicação, Ivana Bentes.

Segundo a diretora, a demanda pelo curso de Comunicação Social não é uma grande novidade, “essa procura já ocorre há algum tempo”. E explica que o capitalismo contemporâneo compreende dois grandes setores: o da energia e o capitalismo de informação, isto é, “o petróleo e a mídia”. “O nosso grande concorrente ainda é petróleo”.

Hoje, tudo depende da produção de informação – seja no campo do visual, da imagem ou do texto. “Não há nenhum campo em que a comunicação não precise ser trabalhada, seja uma pequena ONG, a rede Globo de Televisão, uma loja de varejo, tudo isso exige a comunicação como ferramenta, seja para o marketing ou até mesmo para pensar sobre a cidadania” afirma Ivana Bentes.

De acordo com Ivana, nunca a comunicação foi tão importante em termos de cidadania como hoje, tornando-se um campo estratégico. “A comunicação e a mídia são tão estratégicas como o petróleo. As políticas de comunicação são hoje prioridades nas discussões do governo” e complementa “são grandes os interesses por trás da comunicação, na medida em que ela pode ser apropriada para os fins mais diferentes”.

O curso de Comunicação Social da UFRJ oferece uma formação versátil equilibrando conhecimentos teóricos, a fim de dar margem a uma visão crítica dos meios de comunicação, e o aprendizado prático em laboratórios. “Nós sempre tivemos o perfil de uma formação humanísitica de cultura geral e pensamento crítico, ao mesmo tempo que tentamos equilibrar, cada vez mais, à prática” afirma Ivana Bentes.

O setor de Extensão da Escola visa dar um aporte para incentivar projetos de alunos como programas audiovisuais ou de rádio. Ivana acredita que ao lado da discussão conceitual e teórica, a Escola deve se abrir para diferentes práticas de comunicação.

A diretora da ECO ressalta: “a consciência que queremos dar aos estudantes do curso é que meio a esse ambiente do capitalismo informacional mais sofisticado, é possível atuar no campo da cidadania e mudar a noção do poder dos meios de comunicação e de como eles são capazes de transformar a vida das pessoas cultural e socialmente”.

A duração do curso é de quatro anos. Nos períodos iniciais, o aluno cursa o Ciclo Básico e é introduzido às teorias e linguagens da comunicação, aos fundamentos das ciências humanas, e às opções de carreira oferecidas pela Escola. A partir do quarto período, o estudante ingressa no Ciclo Profissional em que escolhe uma das habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Produção Editorial ou Rádio e TV. A ECO conta com uma Central de Produção e Multimídia (CPM) para estimular os alunos à produção de rádio e vídeo.

Sobre o mercado de trabalho Ivana acredita que “o mercado tradicional de jornalismo impresso está saturado, mas ao mesmo tempo nunca houve tanta possibilidade dos nossos alunos criarem o próprio emprego como agora”. Esse é um diferencial do aluno que se forma na ECO – por exemplo, montar uma agência de notícias, sites de cultura e atualidades, marketing, assessorias nos mais variados lugares com projetos sociais para a inclusão, educação à distância, cooperativas, ser um empreendedor social e cultural, e assim, criar uma nova possibilidade de inserção num mercado já saturado. “Enfim há um campo muito amplo de atuação, o terceiro setor tem uma deficiência muito grande e precisa de gente de comunicação”, afirma.

“A gente é super assediado pelos meios de comunicação, jornais da grande imprensa e sites” o que se confirma na disputa de alunos da ECO para as vagas de estágio. “Os alunos da Produção Editorial, por exemplo, saem todos empregados”, apesar do curso de PE ser pequeno, ele tem alta empregabilidade, pois “falta no mercado editorial o profissional que trabalhe com produção gráfica” explica.

O mercado de jornalismo nos meios de comunicação tradicionais está saturado, porém Ivana ressalta que o campo do audiovisual nunca foi tão necessário como hoje: produzir vídeo para grande ou pequena empresa, Ong, site pessoal ou profissional na internet.

Apesar da grande dificuldade de jovens profissionais se inserirem no mercado de trabalho, Ivana Bentes considera que o profissional da ECO tem “grandes chances, seja na grande imprensa, na TV a cabo, nas produtoras de vídeo, assessorias, agências de publicidade. O que a ECO deseja não é formar para o mercado existente, mas para o potencial. Os alunos de Comunicação da UFRJ têm o perfil pró-ativo, multifuncional e com uma ação crítica do mundo”.

“A publicidade e a produção de notícias nunca estiveram tão aquecidas como nos dias de hoje. Estamos vivendo uma nova explosão da comunicação ligada às novas tecnologias de informação. Todo mundo hoje é um potencial produtor de informação e de comunicação – texto, áudio, fotografia e vídeo. O domínio dos meios de comunicação está surgindo como uma nova alfabetização, o que a gente chama de alfabetização audiovisual ou multimídia. Tão importante quanto ler e escrever vai ser dominar os meios de comunicação”.

De acordo com Ivana Bentes, as expectativas para esse ano na ECO são promissoras com novos equipamentos. “Para 2007 queremos renovar os computadores da escola, revitalizar os laboratórios e fazer um cibercafé na biblioteca. Estamos muito felizes, pois acabamos de receber trinta computadores novíssimos para o laboratório multimídia na COM”. A professora considera que a base tecnológica é fundamental para um ensino de qualidade, “o que a gente quer é dar a condição para o aluno ter acesso livre e gratuito à informação pública, e experimentar a prática tendo como base um pensamento crítico e reflexivo”.

Até o final da gestão em 2010, a direção tem como proposta criar uma central de estágio para facilitar a entrada dos alunos em estágios, além de realizar um controle da qualidade. Há também a idéia de implantar uma incubadora de projetos no campo da comunicação “para dar condições ao aluno que se forma ainda manter um vínculo com a universidade”. E, por fim, a criação de um curso de jornalismo noturno, “pois é uma habilitação muito procurada, além de ser uma possibilidade de a Escola abrir o número de vagas e incluir mais pessoas”.