• Edição 143
  • 07 de dezembro de 2006

Resenha

Educação e o mundo moderno

Por Francisco Conte

capa do livro

Tudo que se possa dizer acerca de Anísio Teixeira (1900-1971) parece insuficiente. Sua contribuição, tanto em 40 anos de vida pública, nos quais ocupou diversos postos da administração, como através de textos seminais, abarca as mais variadas esferas do pensamento educacional, com ênfase para a da educação popular, relativa à formação de crianças, docentes e adultos, e a do esforço de conceber e edificar entre nós um sistema universitário contemporâneo. Aquela geração de pensadores progressistas brasileiros da primeira metade do século passado, da qual será uma das expressões mais significativas, estava firmemente comprometida com a construção de uma nação moderna e desenvolvida, o que implicava, como um dos pressupostos fundantes dessa ambição, o alargamento das possibilidades educacionais e culturais da população. Um projeto utópico que o levou (e a muitos outros intelectuais da mesma época) a estabelecer relações contraditórias e, não raro, tensas com o Estado. Entretanto, apesar da imensa relevância, a sua obra tem sido mais admirada do que efetivamente estudada e discutida fora do círculo de especialistas. Daí a importância do esforço da Editora da UFRJ de, através da coleção que leva seu nome, e que ganha agora mais um título, possibilitar uma circulação mais ampla do conjunto da produção desse educador.

Educação e o mundo moderno, cuja primeira edição é de 1969, reúne doze ensaios publicados entre 1953 e 1964, que se originaram de conferências ou de contribuições a congressos e reuniões. Escritos no interregno entre dois regimes autoritários (o do Estado Novo e o dos militares), neles sobressaem um dos temas mais caros a Anísio: a defesa da democracia e da educação para ela. A compreensão da importância da educação nos estados nacionais modernos – elevada no pensamento do educador a direito de todos – se apóia em uma confiança nas potencialidades da ciência que deriva, em larga medida, da leitura criativa da obra do filosofo americano John Dewey e que não tem nada de ingênua, pois seu otimismo no futuro não o impede (ao contrário, parece exigir-lhe) apontar as contradições da sociedade de seu tempo, como observa Marcus Vinícius da Cunha, pesquisador associado da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto) e professor colaborador da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Araraquara), na apresentação da edição.

A organização da coleção é de Clarice Nunes, pesquisadora associada da Universidade Federal Fluminense e professora titular da Universidade Estácio de Sá

.Autor: Anísio Teixeira

Coleção Anísio Teixeira

Editora UFRJ

Ano: 2006