• Edição 141
  • 23 de novembro de 2006

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IFCS discute América Latina

Aline Durães

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As ditaduras militares, presentes na história de boa parte dos países da América Latina a partir da década de 60, principalmente, foram superadas, e, hoje, as nações latino-americanas, com exceção de Cuba e do Haiti, fazem das liberdades democráticas a base de seus governos. Os regimes autoritários, no entanto, deixaram marcas na região, o que torna imprescindível a discussão dos acontecimentos desse período para a efetiva compreensão das possibilidades atuais e futuras da América Latina.

Dentro dessa perspectiva, o Programa de Pós-graduação em História Social, vinculado ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) promoveu, de 21 a 23 de novembro, o “Seminário Internacional Ditadura e Democracia na América Latina: balanço histórico e perspectivas”. O evento, que reuniu pesquisadores de diversas universidades latino-americanas, problematizou as principais questões relacionadas aos governos militares da região.

A articulação dos golpes, os movimentos de resistência, as violências imputadas pelos órgãos oficiais de repressão e a polêmica abertura dos acervos da luta contra as ditaduras foram alguns dos temas esmiuçados pelos pesquisadores, que salientaram também as especificidades dos regimes ditadoriais e dos processos de redemocratização das nações latino-americanas.

- Não podemos tratar a América Latina como se ela fosse um bloco monolítico, como se todos os países tivessem o mesmo passado e o mesmo perfil - alerta Jaime de Almeida, docente da Universidade de Brasília (UnB).

Para Jaime, preso político durante o período autoritário brasileiro, o resgate e a revisão da história recente da latino-América são importantes, embora sejam esquecidos por parte dos estudiosos: “Na UnB, por exemplo, existe muita curiosidade em torno do tema, mas há um bom tempo, esse tipo de inquietação mais politizada está em falta; ela está ficando cada vez mais restrita ao gueto das organizações de extrema esquerda”, avalia o professor.

Maria Paula Araújo, coordenadora do encontro, conta que a idéia do seminário surgiu da necessidade de se refletir sobre essas questões dentro da universidade: “Muitos países da América Latina passaram por períodos de ditadura e passam agora por processos de democratização, isso, somado ao contato que temos com pesquisadores do tema, nos motivou a pensar um evento desse porte”, afirma a professora, enfatizando que os debates conseguiram sintetizar as maiores problemáticas das democracias conteporâneas.

O seminário agradou também ao público presente, composto não só por membros do corpor social da UFRJ, como também por professores e universitários externos. Na opinião de Manoel Henrique Souza, pós-graduando do IFCS, a principal contribuição do evento foi permitir o encontro de profissionais que, embora separados pelos limites geográficos, trabalham e pensam questões e linhas de pesquisa em comum:

- Além disso, podemos ver como a democracia é frágil e entender que ela só se fortalecerá a partir do momento que as pessoas acreditarem nela. Concluí também que, quando as democracias entram em descrença, abrem-se enormes espaços para o estabelecimento de regimes autoritários – completa o estudante

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