• Edição 137
  • 26 de outubro de 2006

Resenha

Nesta editoria, em caráter especial, publicamos o registro de uma oficina ocorrida na Semana Nacinal de Ciência e Tecnologia que entusiasmou a criançada a produzir seus próprios livrinhos. Leia e confira:

Era uma vez...

O encantamento de ler e produzir histórias

Kareen Arnhold/AgN Praia Vermelha

capa do livro

A Cidade Universitária da UFRJ abrigou diversas atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que aconteceu no Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 22 de outubro. Em meio à agitação do evento – com jatos de fogo na oficina de Hialotecnia, balões infláveis, shows artísticos, que ocorriam no Hangar – pôde-se encontrar crianças sentadas ouvindo, atentamente, histórias infantis. O encantamento através de histórias, com o objetivo de estimular a criança para a leitura, foi o propósito da Oficina Literária em várias Línguas e Contação de Histórias, desenvolvida por alunos e professores da Faculdade de Letras (FL/UFRJ).

A Oficina Literária, que teve início no Projeto UFRJmar do ano passado, está sendo desenvolvida através de um trabalho conjunto entre o Centro de Estudos Afrânio Coutinho (CEAC) e a Sala Monteiro Lobato, pertencentes à FL, e a Divisão Gráfica da UFRJ. Na Sala Monteiro Lobato, um grupo de funcionários, professores e alunos da pós-graduação em literatura infantil, realizam trabalhos com crianças e professores para formar leitores, por meio de novas experiências que não sejam, apenas, as de sala de aula.

Na Oficina Literária da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, as crianças encontraram novidades: além de ouvirem, puderam produzir suas próprias histórias e conhecer o processo de criação de livros. “Elas escutam as histórias e depois, com a parceria da Gráfica da UFRJ, fabricam seus livrinhos, aprendendo também técnicas de encadernação. Isso é um estímulo para a literatura”. Afirma Bruno Rabello Golfeto, estudante do 5o período de Português/Literaturas, da FL. Mesmo os pequeninos, que ainda não sabem escrever, puderam participar, com seus desenhos.

A professora Eleonora Ziller, uma das coordenadoras da Oficina, constata a importância da parceria: “a proposta da gráfica era a de oferecer aos visitantes um espaço em que fossem apresentadas as diversas formas e possibilidades de acabamento de um livro. Desde então, unimos nossos projetos e estamos buscando nos aprimorar, para oferecer às crianças uma rica experiência, de produção em vários níveis”.

Outra novidade é o contato com línguas, culturas e crenças estrangeiras, através de músicas, desenhos, origames e figuras que fizeram e fazem história, como o personagem francês de desenho animado, Asterix. “Nós, alunas de línguas estrangeiras, inserimos ícones representantes de outras culturas em nossas histórias, ampliando o leque de conhecimento das crianças a respeito da diversidade do mundo e do ser humano”, diz Rossana Fonseca, aluna do 3o período de Português/Francês.

O objetivo da Oficina é formar leitores, e, para isso, é necessário tornar a literatura algo agradável para as crianças. “A gente tenta quebrar a idéia de que o ensino é uma coisa chata. Queremos que a criança o perceba como prazer, não apenas como uma obrigação; por isso, tentamos torná-lo o mais agradável possível”, diz Cristina Antônia da Silva, participante do Projeto Literatura Infanto-Juvenil Pensares, da Sala Monteiro Lobato.

Foi com o intuito de atrair as crianças, que Cleide Oliveira da Silva, também membro do Projeto Pensares, idealizou e pôs em prática o teatro de sombras. “A idéia desse teatro surgiu da necessidade de aproximar as crianças da leitura, o que não acontecia quando se trabalhava apenas com o livro. A nossa preocupação era: será que só o livro vai chamar a atenção dessas crianças?”. De acordo com ela, qualquer pessoa pode praticar o teatro de sombras, que funciona como um estímulo à escuta e à prática da leitura, tanto para alunos quanto para professores.

Além de atrair as crianças para o mundo dos livros, outra função da Oficina Literária é promover a integração da universidade com a sociedade. De acordo com Georgina da Costa Martins, coordenadora da Sala Monteiro Lobato (FL) e organizadora da Oficina, “a universidade tem que dar um retorno para a sociedade. O conhecimento produzido aqui é um conhecimento que vem da comunidade e que para ela deve voltar”.