• Edição 137
  • 26 de outubro de 2006

Zoom

Imagens: do artesanal ao eletrônico

Cadu Cayares e Julia Paula

imagem zoom

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorreu entre os dias 19 e 22 de outubro no hangar da Cidade Universitária, buscou aliar entretenimento à educação, unindo prática e teoria. Fez parte do evento o “Espaço Comunicação e Artes”, onde a exposição de práticas que requerem o uso de aparato tecnológico e de técnicas artesanais contrastaram.

A oficina “Olhar e Fotografia” do projeto Lablata é um exemplo de projeto que tem como base a técnica artesanal da fotografia de “pinhole”. Essa técnica utiliza embalagens do dia-a-dia, como as latas de leite, transformando-as em câmeras fotográficas.

As imagens expostas na oficina foram realizadas na Vila Residencial da Ilha do Fundão e dividiram espaço com fotos digitais. Bira Soares, fotógrafo do Fórum de Ciência e Cultura, em parceria com Zé Alailton, iluminador de TV e morador da ilha foram os idealizadores da oficina. Para Bira o interessante do projeto é “trabalhar o olhar sobre seu próprio espaço usando a fotografia como espelho da percepção sobre o cotidiano da Vila”.

Como explica Giseli Cruz, estudante da Faculdade de Educação da UFRJ e bolsista do projeto, “a oficina não tem o intuito de profissionalizar, mas sim de despertar uma outra visão sobre a realidade que está à volta dessas pessoas. O que é feio, na fotografia fica belo, instigando um outro olhar sobre aquilo que não vemos com bons olhos”.

A técnica artesanal da fotografia de “pinhole” desmistifica o lugar de detentor de poder e conhecimento do aparato tecnológico da fotografia. Ou seja, a técnica de “pinhole” possibilita que qualquer pessoa possa fotografar, independentemente do seu nível de escolaridade e da sua condição econômica. Como prova disso, a equipe da oficina é formada por 15 estudantes, de diversas idades, moradores da Vila, e mais 4 bolsistas . A estudante de 14 anos, Thais Cristine, faz parte do projeto há 1 ano e afirma que gostaria de passar a experiência a diante: “ Quem sabe um dia a gente possa ensinar para outras pessoas!?”

Além da técnica pinhole o grupo aprende a fazer fotografias digitais, o que somente é possível, porque Bira Soares empresta aos alunos sua própria câmera. A dedicação do fotografo é reconhecida pelo grupo todo, e Giseli Cruz verbaliza isto: “Ele faz isso por paixão a fotografia, o que ele faz é usar a arte como instrumento de emancipação”.

A tecnologia ficou por conta da Escola de Comunicação. No seu stand, equipado com telões, câmera e uma pequena ilha de edição, o público pode se divertir assistindo a transmissão de tudo que acontecia no evento, – graças à turma da disciplina de telejornalismo, ministrada pela professora Beatriz Becker –, gravar e editar vídeos com seus depoimentos em relação à Semana; e participar de uma oficina de animação.

Ariana da Silva de Souza, estudante da Escola Municipal Teotônio Vilela, achou muito bacana poder se ver pela primeira vez no vídeo. Segundo ela, foi meio engraçado gravar e depois editar as imagens. "Nossa, fiquei na dúvida em que trecho deveria deixar que fosse para o telão".

Beatriz Becker, professora da ECO e uma das organizadoras do stand, sente-se satisfeita com esse tipo de depoimento, pois a seu ver, um dos objetivos da oficina era, justamente, propiciar às crianças de escolas públicas a possibilidade de entrarem em contato com a imagem.

Bia (assim é conhecida por seus alunos) acrescentou, ainda, que a "Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, além de toda sua relevância, contribuiu para que alunos da escola de comunicação construíssem o saber telejornalistico por meio da cobertura do evento".

Estudantes do laboratório de jornalismo on-line, ministrado também por Bia, fizeram a cobertura do evento para o site da disciplina.