• Edição 137
  • 26 de outubro de 2006

No Foco

Diversão e conhecimento na Semana de C&T

Aline Durães

foto no foco

De 16 a 23 de outubro, cerca de mil instituições espalhadas por 299 cidades brasileiras participaram da III Edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Só no Rio de Janeiro, mais de 1700 atividades foram realizadas. Na UFRJ, o evento, que teve a duração de quatro dias (19 a 22 de outubro) e mobilizou uma equipe de 600 profissionais, disponibilizou 58 oficinas, voltadas para um público heterogêneo e interessado em aprender.

Visando suscitar o gosto pela Ciência na população e difundir, junto à sociedade, o conhecimento produzido dentro da UFRJ, as oficinas, criadas por diferentes unidades acadêmicas da universidade, apresentaram uma série de atividades lúdicas, que combinaram lazer e aprendizado. O estande de “Vidraria Científica”, vinculado ao Laboratório de Hialotecnia do Instituto de Química (IQ), por exemplo, foi um dos que mais despertou a atenção dos visitantes; eles assistiram à confecção de peças em vidro e, ao mesmo tempo, puderam entender a técnica utilizada pelos vidreiros na recuperação dos equipamentos de laboratórios.

O grande diferencial da SNCT foi a interação. O público, na maior parte dos estandes, teve a possibilidade de participar ativamente dos projetos. Na Oficina de Construção de Pequenas Embarcações, alunos do Ensino Médio e Fundamental receberam placas de MDF 4mm – material composto de madeira e resina – e montaram o seu próprio barco. “A embarcação é uma espécie de brinquedo que eles mesmos constroem. O ideal é deixar que eles encontrem as próprias respostas; eles devem aprender a tomar a iniciativa da decisão, a acreditar na própria decisão”, conta Maurício Oliveira, aluno do último período de Engenharia Naval e mediador da oficina do curso.

A Escola de Belas Artes (EBA) também optou pelas atividades interativas para estimular a criatividade dos visitantes. Na Oficina de Modelagem, os alunos trabalharam com argila e puderam exercitar livremente suas habilidades manuais. “A criança leva uma experiência dessa para o resto da vida. Isso influencia até mesmo a escolha de uma carreira profissional futura, pois pode ajudar a despertar um dom que a criança já tenha”, opina Érica Macedo, estudante de Paisagismo e umas das dez mediadoras do projeto.

Para Luzimar Garcia, professora do Ensino Fundamental de uma escola privada, localizada na Ilha do Governador, eventos como a SNCT promovem experiências mais impactantes do que a educação formal, ministrada em sala de aula: “Ao ter acesso a essas atividades, o aluno terá mais interesse em pesquisar, em participar dentro de sala de aula. Elas valorizam o aprendizado transmitido aos alunos nas escolas”, destaca a coordenadora, responsável por 35 crianças no evento.

Os alunos parecem compartilhar da opinião de Luzimar. Entusiasmados com as oficinas e engajados nas atividades propostas por elas, muitos afirmaram preferir o ambiente da SNCT ao da sala de aula. “Eu vou contar para todos os meus amigos que estive aqui, assim eles podem vir também. Aqui vi muitas tecnologias e aprendi muita coisa. Aprendendo a cada dia eu consigo ser alguém na vida”, disse Lucas Nascimento, 9 anos e estudante da 3º série da Escola Municipal Cândido Portinari.

Saldos da Semana

Os resultados da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia agradaram aos coordenadores. Apesar de ainda não terem em mãos as estatísticas do evento, realizado com recursos próprios e sediado, pela primeira vez, pela Ilha do Fundão, os coordenadores das oficinas avaliam positivamente o impacto da Semana junto ao público.

Eleonora Ziller, coordenadora da Oficina Literária, que estimulou a leitura de histórias ensinou técnicas de encadernação de livros aos visitantes, define os saldos da SNCT como “excelentes”. Segundo a docente da Faculdade de Letras, os mediadores foram os principais beneficiários do evento; Eleonora explica que o contato com o público, em especial com as crianças, possibilitou a eles experiências novas, essenciais para a formação profissional desses jovens.

Já Armando Alves de Oliveira, docente da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) e coordenador do circuito aeroespacial “O desafio da Gravidade”, tece elogios ao esforço dos profissionais responsáveis pelo suporte e pela infra-estrutura do evento e garante melhorias para a próxima edição da SNCT: “Temos que melhorar sempre. Nossa meta é aumentar a capacidade física e estimular um número maior de unidades, técnicos e docentes a participar da Semana. Maiores investimentos em transporte e em sinalização também fazem parte dos nossos planos”, assegura o professor.