• Edição 136
  • 19 de outubro de 2006

Ponto de Vista

O NESC agora é um Instituto: o que mudou além do nome?

Amanda Wanderley

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O Núcleo de Estudos da Saúde Coletiva (NESC) passou a se chamar Instituto de Estudos da Saúde Coletiva (IESC), desde a aprovação pelo Conselho Universitário, em setembro de 2006. Mais do que uma questão de nomenclatura, a mudança de núcleo para instituto abrange transformações mais profundas no IESC. Para conhecer o que mudou no instituto e o que ele poderá oferecer, o Olhar Virtual conversou com a diretora do IESC, a professora Letícia Legay, que convidou para participar da conversa Volney Câmara e Regina Simões, professor titular e coordenadora de Extensão do antigo núcleo, respectivamente.

"O campo de conhecimento do IESC é a Saúde Coletiva, uma área transdisciplinar. Por isso, a composição de professores e funcionários dessa instituição é realmente multidisciplinar. Nós temos, desde médicos, que vêm da formação original, a enfermeiros, engenheiros, estatísticos, filósofos, sociólogos, psicólogos. Ou seja, nosso corpo docente é constituído por profissionais oriundos de diferentes segmentos, desde o mais ligado à saúde até o mais ligado à tecnologia, às ciências da matemática. Sempre foi assim, pois o IESC trabalha a questão saúde e não a questão doença. E na saúde, trabalhamos com o que diz respeito à sociedade: a cultura, as questões sócio-econômicas da população, as habitacionais, de transporte, provando o caráter transdisciplinar da unidade. Nós começamos em uma área inicialmente chamada medicina tropical que depois avançou para o Sanitarismo. Pouco a pouco, fomos ampliando a área, mas ainda trabalhávamos e pertencíamos, e de certa forma ainda pertencemos, a um departamento da Faculdade de Medicina. Nós tínhamos, na década de 80, um serviço de ação comunitária no Hospital Universitário (HU) que atuava, já com interdisciplinaridade, na Saúde Coletiva, através de muitos trabalhos de extensão. O crescimento da Saúde Coletiva, através do desenvolvimento de projetos e de cursos, permitiu a transformação, em 1989, desse serviço para núcleo, o NESC. Nós somos tão transdisciplinares, atuando junto com outros campos de conhecimento, que o próprio reitor, professor Aloísio Teixeira, ministra uma disciplina no IESC. Quer dizer, nós temos uma parceria com as diversas unidades da UFRJ porque o campo da saúde, e não da doença, é muito amplo", contou Letícia, traçando um breve histórico da instituição. "Nós não somos somente um grupo inter-disciplinar, nós procuramos grupos de outras unidades para trabalhar conosco como a Coppe, o Instituto de Biofísica, o Hospital Universitário Carlos Chagas Filho, entre outros", completou Volney.

“Nós crescemos muito e, por isso, não podíamos mais ficar ligados a uma única faculdade. A mudança de NESC para IESC nos dá autonomia, pois deixamos de ser um núcleo da Faculdade de Medicina, somos agora a décima unidade do Centro de Ciências da Saúde. Essa mudança é importante para alguns de nossos planos. Até então, segundo o regimento universitário, é necessária a condição de faculdade ou de instituto para que se proponha uma graduação. E nós temos isso como um de nossos objetivos para um futuro próximo. Além da nossa Residência, do nosso curso de Especialização, da nossa participação em graduações várias, nós desejamos ter um doutorado – já temos um mestrado partilhado com a faculdade de Medicina – e uma graduação em Saúde Coletiva, que já existe na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda não existe na América Latina. Isso sem deixar as graduações das quais já participamos, há muito tempo, oferecendo disciplinas de graduação para Medicina, Fisioterapia, Farmácia e para outros cursos. A partir desse desejo, nós propomos nos tornar instituto depois de 18 anos como núcleo", esclareceu a diretora do IESC.

"É muito mais que regimento e burocracia, é um processo de crescimento. É como um filho adulto que sai da casa dos pais para ter a sua própria vida. Não vai romper com a família, vai continuar convivendo, mas ele já vai autogerir a sua vida, vai ser responsável, independente. De um serviço do HU para núcleo já foi um avanço, um crescimento importante de auto-afirmação da Saúde Coletiva que já nasceu desvalorizada, que teve de ir mostrando a que veio em um processo de conquista. Agora, a transformação para instituto significa um reconhecimento da própria universidade da importância desse campo para a geração de conhecimentos em saúde. Muito mais do que ter uma autonomia para propor seus próprios cursos, o IESC é o filho que já pode bancar sua vida e que também não vai mais querer se submeter a todas as ordens paternas", comparou Regina.

"Não somos mais um órgão suplementar, somos uma unidade acadêmica, desde o dia 14 de setembro de 2006, com a aprovação do Consuni, que foi o aval da UFRJ, o entendimento da comunidade acadêmica de que o NESC estava preparado para ser instituto e foi unanimidade. Nós atingimos a maioridade", resumiu Letícia.

O IESC realizará, entre os dias 21 e 24 de novembro, a I Semana de Saúde Coletiva que terá como objetivo contribuir para a difusão e aprimoramento das teorias e métodos da Saúde Coletiva para estudantes e profissionais de todas as áreas que se aproximam da saúde. Mais informações podem ser encontradas em http://www.nesc.ufrj.br/cursos/semanadesaudecoletiva/semana.htm.