• Edição 134
  • 05 de outubro de 2006

Resenha

Democracia ou bonapartismo: triunfo e decadência do sufrágio universal

 

capa do livro

Por: Francisco Conte

O sufrágio universal tornou-se praticamente sinônimo de democracia. Não há nenhum Estado de direito democrático digno do nome que não o assegure hoje esse direito político. Entretanto, a conquista do sufrágio universal foi resultado de uma luta de mais de um século contra o liberalismo que excluiu, propositalmente, desse direito, segmentos importantes da sociedade, em especial mulheres e trabalhadores. Uma vez conquistado, porém, o esforço do pensamento conservador concentrou-se em limitar e esvaziar o potencial emancipador nele contido.

Analisando as obras de Constant, Tocqueville, Stuart Mill, Hayek, entre outros, Domenico Losurdo, um dos mais importantes marxistas italianos e professor titular de Filosofia da História da Universidade de Urbino, Itália, identifica um esforço consistente para domesticar a democracia. Na prática, os mecanismos usados foram – e este aspecto é relevante para o debate contemporâneo no Brasil - desde a adoção do sistema distrital uninominal até o uso plebiscitário do voto universal para legitimar lideranças bonapartistas. Essas últimas identificadas por Lusardo como o principal empecilho à difusão da democracia plena.

Ao final da obra vários mitos caros à ideologia dominante ruem. Em particular, o liberalismo, por um impulso interno e intrínseco, tenha gerado a democracia - e uma democracia cada vez mais ampliada -, e o de que democracia e livre mercado capitalista se identifiquem. Bem ao contrário, como demonstra Lusardo, a democracia e o voto universal foram em verdade arrancados ao liberalismo econômico e político; são, portanto, conquistas de amplos movimentos sociais que, desde então, lutam para não vê-las amesquinhadas.

Autor: Domenico Losurdo

Co-edição Editora UFRJ e Editora UNESP

Ano: 2004