• Edição 127
  • 17 de agosto de 2006

Ponto de Vista

Internet colaborativa

Priscilla Bastos

imagem ponto de vista

O antropólogo, diretor de televisão e membro do site overmundo.com.br, Hermano Vianna, ministrou a aula inaugural da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) no dia 11 de agosto. O tema do evento foi a produção colaborativa de conhecimento da Internet brasileira, em que o antropólogo fez um panorama geral para os calouros que compareceram ao Salão Pedro Calmon, no Fórum de Ciência e Cultura (FCC).

Como as transformações são muito rápidas, deveria haver um curso desse tipo semestralmente. Atualmente, vemos uma crise de acesso ao conhecimento e a Internet a Internet vem tomando espaço de várias formas de comunicação em várias partes do mundo. Na música, por exemplo, o número de artistas contratados pelas grandes gravadoras brasileiras é de apenas 110. Na imprensa isso também acontece; nos anos 90, a Folha de São Paulo tinha uma circulação de 400 mil jornais por dia, enquanto, hoje, não chega a 300 mil.

A Internet inverte um pouco os modelos que conhecemos. Hoje, há um grande número de bandas que surgem primeiro na web e depois fazem sucesso na mídia tradicional. Isso está inserido na questão da superdistribuição, quando as pessoas produzem muito material e, ao mesmo tempo, são meio de produção, como visto nos sites de relacionamentos, blogs, fotologs etc. Há uma certa facilidade em se produzir. A miniaturarização de equipamentos fez isso; os computadores pessoais podem ser mini ilhas de edição. Além de reduzidos no tamanho, os equipamentos estã mais baratos, mais acessíveis.

Ao começarmos a produção do Central da Periferia, descobrimos verdadeiros ídolos desconhecidos por todo o país. Eles não estão na grande mídia, não têm gravadoras, não têm CDs ou DVDs. Buscaram soluções para isso, desenvolveram um mercado audiovisual paralelo, que não é necessariamente de má qualidade. São estúdios caseiros, com olheiros que descobrem sucessos e, conseqüentemente, transformam os desconhecidos em artistas; gravam CDs e vendem das formas mais criativas possíveis. Em muitos casos, os CDs são produzidos no próprio show ou festa, com o conteúdo do próprio evento, sendo vendidos ao seu final. Por isso, não se pode mais falar tão bruscamente em produção pirata, pois não há a oficial.

Quando lançamos o Overmundo, percebemos que o Brasil já estava alfabetizado em web. Um exemplo marcante é o fato de, na Rocinha, haver 50 Lan Houses, sendo as ferramentas mais utilizadas o Orkut e o MSN. O Orkut fez isso, pois ensinou as pessoas a produzirem perfis, comunidades virtuais, além de sites de relacionamentos, blogs etc. A Internet tem grande relevância em todo o mundo; revoluciona rotinas de países e, entre muitas características, tem a capacidade de mudar a vida das pessoas.