• Edição 121
  • 06 de julho de 2006

Ponto de Vista

As mulheres são maioria

Priscilla Bastos

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Na última quinta-feira, dia 6 de julho, foi apresentado o resultado de uma longa pesquisa sobre o perfil dos estudantes do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A responsável por esse trabalho é a professora e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Poder e Estudos Contemporâneos, Liana Cardoso, que contou, ao Olhar Virtual, o desenrolar e alguns resultados do levantamento.

"Em 1996/97, fiz um senso dos estudantes de ciências sociais. Em 2004, voltamos a fazer o novo senso do perfil desses estudantes para ver o que mudou de lá para cá. O pessoal da filosofia soube e pediu para que o incluíssemos na pesquisa. Aproveitamos e englobamos a história também, que já tinha feito um perfil um pouco antes. Quando mandei o pedido para a decania, o Conselho de Coordenação aprovou para que eu realizasse o inventário em todo o centro. Criou-se, com isso, uma pesquisa que levou quase dois anos. Foi um longo processo de envolvimento de alunos, professores e, inclusive, funcionários. Na equipe, tivemos cerca de 40 alunos envolvidos diretamente - meu grupo de pesquisa, além daqueles que aceitaram o convite feito com a ajuda dos alunos do Centro de Produção Multimídia (CPM/ECO) e os aplicadores dos questionários.

Tínhamos uma idéia clara das tendências da educação superior no Brasil, logo, queríamos ver onde nos aproximávamos e nos afastávamos desse projeto. A idéia central era a de que os contingentes estudantis vão crescer. Se vão crescer, precisamos saber qual é o nosso perfil atual para desenvolvimento institucional e projeto pedagógico, principalmente. Fui montando o questionário com ajuda de três ou quatro professores, que foram interlocutores fundamentais. O desenho da pesquisa era um questionário longo, o que implicava em uma estratégia muito especial, a da busca do aluno dentro da sala de aula, mas com uma certa quietude, para que ele fosse fidedigno e pensasse sobre aquilo que responderia. Outro dado fundamental do desenho foi o fato de ser livre, ou seja, os estudantes poderiam aderir ou não. Ao envolver os alunos com a adesão livre, envolvíamos o professor, pois pedíamos licença para ir às salas de aula, englobando, assim, as unidades e um grupo significativo de professores. Por outro lado, tenho um documento muito conciso sobre os 30 pontos das tendências do crescimento do ensino superior. À partir daí, fui qualificando, montando o questionário e verificando-o o tempo inteiro; foi algo muito bem estruturado, amadurecido, montado. O resultado foi muito interessante, pois envolvemos 2100 estudantes, um percentual alto de um quantitativo de cerca de 5550 alunos, cuja lista foi cedida pela DRE. Levantamos também bancos de dados, onde poderíamos encontrar informações dos estudantes.

Um dos dados mais expressivos e já esperado foi o da grande quantidade de meninas em relação aos meninos no CFCH: são 29% de alunos contra 71% de alunas. Temos três cursos em que mais de 80% dos alunos são do sexo feminino. É um centro muito liberal; se a maioria fosse masculina, veríamos o conservadorismo. Onde a maioria é feminina, há uma certeza de liberalismo, de troca de idéias.

Destaco aqui o importante apoio que tivemos dos professores José Roberto Mayer, Pró-Reitor de Graduação; Suely de Almeida, que exerceu a decania do CFCH e da professora Andréia, que era a coordenadora de graduação daqui. Esses foram três pessoas da administração superior da escola que deram apoio absolutamente importante. Maria Helena Magalhães de Castro, do IFCS, Claudete Lima, da ECO, e Alice Rainho, da COPPE, foram pessoas que trabalham com o questionário muito próximo, além da técnica educacional Ana Cristina Andrade, que era assessora do professor José Roberto.

Temos um perfil variante: entre 30 e 45% dos alunos, que se solidifica, que é um perfil intelectual do estudante, em que há uma alta relação entre o trabalho acadêmico e a carreira, típico dos profissionais liberais. Além disso, tem-se um outro, moderno, formado por pessoas que tentam fazer dois cursos juntos ou já fizeram um e voltam a fazer outro. É um fato surpreendente do conhecimento à la carte, onde busca-se o conhecimento que se quer, para chegar mais rápido ao estoque de conhecimento, trabalhando-se em várias frentes. Esse é um perfil já delineado."