• Edição 115
  • 25 de maio de 2006

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Nanociência e Nanotecnologia: pesquisa de ponta na UFRJ

Priscilla Bastos

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Entre os dias 31 de julho e 4 de agosto, será realizada a I Escola de Nanociência e Nanotecnologia da UFRJ, uma iniciativa pioneira para aglutinar, em um só espaço, alunos, professores e pesquisadores dessa área tão importante. A escola recebeu esse nome por ser dirigida aos alunos, que formarão um grupo de 60. Para explicar o que acontecerá durante seu funcionamento e esclarecer o que são nanociência e nanotecnologia, conversamos com o coordenador do evento, o professor José D’Albuquerque Castro.

À primeira vista, nanociência e nanotecnologia (N&N) parecem um mistério. A nanociência estuda processos e sistemas que ocorrem na escala atômica, enquanto a nanotecnologia é o uso que se faz do conhecimento obtido através da nanociência. O professor José D’Albuquerque explica: “a nanociência analisa processos químicos, como a catálise, físicos, como o processo magnético em alguns materiais etc; logo, é um campo vasto do conhecimento e engloba, de certa forma, a física, a química, a biologia, a ciência dos materiais, ou seja, todas as ciências que antes víamos separadamente. Percebemos que, na escala microscópica, não há diferença se o que se está estudando é parte de um organismo ou uma reação química em um processo industrial, por exemplo. A nanotecnologia, por sua vez, usa a nanociência para fazer equipamentos, desenvolver processos industriais mais eficientes, mais baratos. Uma boa aplicação disso está na indústria farmacêutica, com o encapsulamento de medicamentos, onde, por exemplo, se necessita revestir uma molécula para o tratamento de um câncer. Com a nanotecnologia, esse revestimento é feito com um material que só é liberado no local certo do tratamento, evitando, assim, efeitos secundários em tecidos sadios”.

Em todo o mundo, a nanociência e a nanotecnologia estão entre as áreas de pesquisa de ponta, dada sua grande importância, inclusive financeira. “Na segunda metade do século passado, foram desenvolvidas técnicas que permitiram manipular a matéria no nível atômico. Assim, tornou-se capaz a criação de estruturas artificiais, materiais que antes não existiam”, completa o coordenador. As grandes corporações, percebendo seu potencial comercial, estão investindo na área, tendo, entre suas apostas, o Brasil. “O Brasil se destaca no mundo por ter investido, nos últimos 40 anos, em um forte programa de pós-graduação. Temos recursos humanos de qualidade e em bom número, de maneira que o capital humano existe para que se faça o investimento”, sublinha.

Além de ser uma área que atrai muitos investimentos, a N&N engloba profissionais de várias áreas, como físicos, químicos, biólogos, engenheiros. A escola, refletindo bem esse aspecto, não vai ser ministrada por um único setor ou instituto, e sim com a convergência deles. “A I Escola de Nanociência e Nanotecnologia vai contar com a contribuição do Instituto de Química, de Física, da Coppe, da Biofísica e do Instituto de Macromoléculas, cada um oferecendo aulas e atividades práticas em suas instalações”, esclarece José D’Albuquerque Castro. A motivação da criação da escola foi, por um lado, aproximar essas unidades, separadas naturalmente pela estrutura da própria universidade. “Uma área tão interdisciplinar como a nanociência é capaz de reunir esses institutos, que trocarão idéias, conhecimento e experiências”.

O evento confirma a UFRJ como integrante do grupo das grandes universidades do Brasil, como a USP e a Unicamp. Os organizadores esperam que essa seja a primeira de muitas escolas de nanociência e nanotecnologia. “Essa é uma pequena iniciativa que quer tentar, depois, desencadear um processo integrador dentro da universidade”, conclui o professor.