• Edição 111
  • 27 de abril de 2006

Ponto de Vista

Os lentos danos da comida rápida

Taísa Gamboa da Agência de Notícias – Base CCS

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Alimentação adequada e balanceada é coisa do passado. A refeição e todo o seu ritual tinham um significado que já não existe mais. Originário da Califórnia norte-americana, o sistema de fast food surgiu em reposta às novas demandas geradas pelo modo de vida urbano e impôs o seu ritmo ao tempo e ao espaço dedicados à alimentação.

Para àqueles que moram nos grandes centros urbanos, utilizar o serviço de fast food é uma atividade rotineira, faz parte do cotidiano do mundo global e moderno, onde a velocidade está presente. Aliás, esta é a principal característica do sistema de alimentação fast food, a velocidade.

Entretanto, este tipo de refeição aparece também em outras cidades menores, onde o tempo não é necessariamente tão escasso quanto nas grandes metrópoles. Ele representa para os consumidores um sinal de modernização e progresso; e fascina a população local, pois o que para uns é necessidade, para outros é prazer e lazer.

Os alimentos normalmente comercializados por redes de fast food possuem alto teor calórico, sendo ricos, principalmente, em carboidratos, gordura e colesterol. De acordo com a professora de Nutrição Clínica do Departamento de Nutrição e Dietética da UFRJ, Fernanda Kamp, estes nutrientes não fazem mal à saúde, pelo contrário, são essenciais ao funcionamento adequado do organismo.

Segundo ela, quando pensamos em risco à saúde, temos que pensar na qualidade e quantidade ingerida e na necessidade do organismo. “Quando dizemos que o excesso é que faz mal, não estamos nos referindo a uma única refeição, e sim, à alimentação habitual das pessoas”, completa a professora.

Dietas ricas nestes nutrientes aumentam o risco e a probabilidade de obesidade e de doenças cardiovasculares. O sódio, outro nutriente muito consumido em alimentos de fast food, presente não somente no sal utilizado nas preparações, como nos conservantes dos alimentos, também oferece risco à saúde se consumido em excesso, principalmente àqueles que já possuem hipertensão arterial.

Há outro ingrediente perigoso nesta história. Assim como o principal objetivo dos fast foods é vender e servir a comida o mais rápido possível, o de seus clientes é não perder tempo comendo. Fernanda Kamp comenta que alimentar-se rapidamente aumenta o risco à saúde. O ato de comer deve ser realizado com calma, em um ambiente tranqüilo, exatamente o oposto do que é oferecido pelas cadeias de fast foods.

O que realmente é importante é a escolha adequada dos alimentos e a criação de bons hábitos alimentares. A sociedade é bombardeada por anúncios com hambúrgueres apetitosos, pizzas suculentas, dentre outros, e muitas vezes acabam escolhendo, de forma quase inconsciente, os fast foods, sem sequer lembrar que existem outras opções igualmente rápidas, saborosas e muito mais saudáveis.

Atualmente, as redes como McDonald’s têm oferecido alternativas como sucos, saladas, iogurtes e frutas no seu cardápio e, portanto, só depende do consumidor saber optar pelo o que é melhor para ele naquele momento.

A preocupação com uma vida mais saudável tem crescido ultimamente, englobando práticas de esportes e hábitos alimentares. Tem sido notável também a proliferação de redes de casas de sucos e sanduíches naturais, provavelmente em resposta a essa propagação de vida saudável. “Quem necessita realizar suas refeições diárias de forma rápida tem alternativas mais nutritivas e saudáveis a optar”, concluiu a professora.