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Edição 181      23 de outubro de 2007


No Foco

Vestibular: o perfil de quem tenta

Julia Vieira e Nathália Perdomo

foto no foco

A três semanas da primeira prova do vestibular, o Olhar Virtual realiza uma série de reportagens buscando revelar o perfil dos candidatos que participam do processo seletivo da UFRJ, dos que entram na universidade e, por fim, abordará a questão da evasão.

Muito se fala no vestibular, mas pouco se discute o nível sócio-cultural de quem entra na academia. Em geral, grande parcela da população fica excluída do sistema educacional por falta de condições financeiras. O desconhecimento da importância do ingresso no ensino superior, a falta de estímulo e perspectiva pessoal também são fatores que levam à desistência.

“Há um sistema perverso de auto-eliminação. Muitos alunos da rede pública não se sentem atraídos pelos processos seletivos das universidades mais conceituadas, pois não se consideram preparados para enfrentá-los ou por não acreditarem que estudar por mais quatro ou cinco anos trará transformações futuras”, avalia Luiz Otávio Langlois, coordenador acadêmico da Comissão de Vestibular. Existe ainda o desconhecimento da possibilidade de isenção da taxa de inscrição, o que inviabiliza a participação de muitos estudantes.

Cerca de 300 mil alunos se formaram no Ensino Médio no ano de 2006, sendo 235 mil oriundos de escolas estaduais. Apenas uma pequena parcela desses estudantes presta vestibular, com destaque para o ensino diferenciado dos Colégios de Aplicação, das Escolas Técnicas, do Colégio Pedro II e do Colégio Militar. Em contrapartida, mais de 60% dos alunos que saem das escolas particulares estão envolvidos nos concursos de acesso aos cursos de graduação.  

No último vestibular da UFRJ, 57,8% dos inscritos cursaram o Ensino Médio integralmente em colégio particular, enquanto 29,8% se formaram em escola pública. “Existe um estereótipo de que a UFRJ é uma instituição elitista, no entanto, os dados revelam que isso não se deve a um problema interno da universidade ou do seu vestibular, mas sim de um processo educacional deficiente que inibe o interesse dos estudantes formados pelo ensino público”, argumenta Luiz Otávio. 

O poder aquisitivo dos candidatos e o grau de instrução dos pais estão correlacionados e interferem na procura pelo Ensino Superior. Os números mostram que os pais de 38,2% dos inscritos têm terceiro grau completo e apenas 1,9% vêm de famílias sem ou com pouco estudo.

A questão racial é outro fator muito discutível. As universidades, tanto públicas como particulares são freqüentadas, predominantemente, por brancos. Os dados obtidos no vestibular 2007 apontam que 57,1% dos candidatos se declaram brancos e 9,2% pretos. “Algumas instituições adotam como política reparadora o sistema de cotas para minorias étnicas. Isso parte de uma falsa premissa de que existe um conceito fixo de raça. As cotas foram criadas como forma de amenizar a desigualdade, no entanto, acaba acirrando os ânimos e aumentando a discriminação”, opina.

Luiz Otávio acredita na criação de projetos que trabalhem com alunos da rede estadual, favorecendo seu ingresso na universidade. “Defendo a idéia de um processo paralelo ao vestibular, fora de seu caráter competitivo. Mas sou contra a implementação do sistema de cotas na universidade, pois é inconstitucional dar esse tipo de vantagem a um determinado grupo”.

O coordenador destaca a importância do preenchimento do formulário sócio-cultural no ato da inscrição para revelar o perfil dos candidatos. “É de suma importância para a universidade conhecer seus futuros alunos e este primeiro contato é viável através do questionário”.
 
Outro dado interessante é a relação que o vestibulando tem com o processo. No último ano, 37% dos candidatos prestaram concurso pela primeira vez, enquanto 57% tinham experiências anteriores com vestibular.

É impossível pré-determinar as características que um candidato deve ter para ingressar na universidade.  Esses dados não significam que os alunos que não se encaixam nesse perfil sejam excluídos do processo seletivo. O desempenho durante o ano letivo tem muito mais influência no resultado final que qualquer fator assinalado pelas estatísticas.

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