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Edição 172      21 de agosto de 2007


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Cinema para aprender e desaprender

Kadu Cayres

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Esse é o nome do projeto de pesquisa e extensão, realizado por professores da Faculdade de Educação (FE/UFRJ), que tem como objetivo pesquisar as possibilidades de aprender e desaprender com o cinema.

A partir de uma revisão bibliográfica e filmográfica, especialmente do cinema brasileiro, os 25 componentes do projeto procuram compreender a idéia de infância e adolescência, através da seleção e análise de uma amostra de filmes que abordam tais questões. Adriana Fresquet, coordenadora do grupo e professora da FE, afirma que essa atividade permite problematizar a utilização pedagógica dos filmes — que habitualmente reduz a sétima arte apenas a uma ferramenta didática — para vislumbrar as possibilidades de aprender e desaprender com os mesmos.

— O cinema no contexto escolar é utilizado como algo para preencher espaços vazios, e, no melhor dos casos, como ferramenta didática minimizada. Acho que ele é muito mais do que isso para ser reduzido a fins tão funcionais. Nós podemos aprender com o cinema. Ao assistir um filme, questões pontuais de outras culturas ou da nossa, e questões profundas de nós mesmos são mexidas. Nada mais ensina sobre a gente do que conhecer a cultura de outros, e o cinema é um bom instrumento alargador desse olhar no sentido espacial e temporal — destaca Adriana.

Na primeira fase do projeto, pretende-se iniciar a pesquisa partindo da experiência do cinema, que, segundo Fresquet, nos coloca no lugar do expectador, ou seja, num lugar de igualdade e liberdade. “O fundamento do nosso trabalho tenta pensar o cinema como experiência, e é isso que pesquisaremos num primeiro momento”, explica a professora acrescentando que, num segundo instante, será analisada a experiência a partir da perspectiva do expectador. “A idéia dessa segunda etapa é fazer com que o expectador coloque para fora a capacidade de assistir um filme e ser afetado por ele, tendo a liberdade de manifestar suas impressões, idéias e desejos promovidos por esse contato”.

Adriana adiantou, também, que a partir desse segundo semestre começarão as atividades diretas com os alunos do Colégio de Aplicação (CAp/UFRJ). A primeira delas é o cinema debate, no qual serão aprofundados os conceitos de infância e adolescência; a segunda são as oficinas de sensibilização e criatividade para preparar o grupo de alunos que farão a capacitação inicial com Jorge Viroga, diretor da Escola de Cinema Orson the Kid, de Madrid (vale ressaltar que a participação do diretor ainda não foi confirmada). Dependendo da receptividade do projeto no CAp é que será definido o grupo de 30 crianças, na faixa etária de 10 a 13 anos.

Variantes do projeto

O projeto tem duas variantes. A parte de pesquisa está sustentada por um grupo que se encontra semanalmente para estudar a questão da infância e adolescência vistas pelo cinema. Nessas reuniões, a linguagem cinematográfica é bastante aprofundada através da apresentação de seminários, da produção de artigos e de debates em cima de cada filme analisado. “Todo mês, assistimos um filme e trabalhamos sobre os temas abordados nele. No quarto encontro mensal, para fechar o ciclo de pesquisas, trazemos um convidado especial que aprofunda ainda mais a análise já feita”, ressalta Adriana. Apesar do pouco tempo (começaram em novembro de 2006), o projeto já tem vários trabalhos aprovados e apresentados em congressos nacionais e internacionais.

A segunda variante — a parte de extensão — fica por conta dos encontros mensais, abertos a professores do ensino fundamental e médio (2ª quinta-feira de cada mês), onde é feita uma breve introdução das teorias do cinema em diálogo com o aprender em três tempos: aprender, desaprender e reaprender.

O critério adotado para eleger os filmes é muito simples: são cotados todos aqueles fora de circuito comercial. “Opto por filmes antigos, talvez nunca assistidos”, enfatiza Adriana, aproveitando para agradecer o apoio dado pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RIO).

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