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Edição 157      08 de maio de 2007


De Olho na Mídia

Três cientistas brasileiros do IPCC sugerem ações para mitigar mudanças climáticas

 

Se houver vontade política, os governos já dispõem hoje de tecnologias e informações para adotar, no curto e médio prazos, ações eficazes para reduzir as conseqüências das mudanças do clima. São medidas que vão da adoção de práticas de eficiência energética a mudanças no comportamento em relação ao consumo. Além de políticas públicas adequadas, também no plano individual é possível agir no sentido de contribuir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Essa opinião é compartilhada pelos três pesquisadores brasileiros que participaram do Grupo de Trabalho III do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), da ONU: Suzana Kahn Ribeiro, Emílio la Rovere e Roberto Schaeffer, todos professores da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia(COPPE) da UFRJ. Os pesquisadores colaboraram na elaboração do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC que será divulgado, no próximo dia 4 de maio, em Bangcoc, Tailândia, cujo tema central é Mitigação das Mudanças do Clima.

Os três pesquisadores da COPPE convergem ao enfatizar que o adiamento de medidas com relação à redução das emissões comprometerá cada vez mais as possibilidades de se atingir metas de estabilização da temperatura global do planeta. Quanto maior o adiamento, mais caro será. Neste contexto, medidas de mitigação e adaptação são decisões importantes para se proteger de um risco futuro e incerto. Esta é a principal mensagem do capítulo 3 do relatório, que trata dos cenários de mitigação no longo prazo (2100).

O texto do relatório da ONU adverte que o mundo teria que reduzir substancialmente suas emissões de gases do efeito estufa até 2050 para evitar que o aquecimento da superfície terrestre passasse dos 2 graus Celsius se comparado à era pré-industrial. Este corte poderia custar até 3% do PIB mundial.

Uma das grandes novidades é o novo foco sobre a relação entre desenvolvimento e mudanças climáticas. Se, no passado recente, investir para se precaver contra as mudanças climáticas era visto como barreira ao desenvolvimento, hoje prevalece a opinião de que não lidar com mitigação sai bem mais caro, diz o capítulo 12, que teve como um dos autores o pesquisador Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ. Segundo afirmação recente do ex-presidente da ONU, Kofi Annan, as conseqüências das mudanças climáticas estão se tornando um dos principais entraves ao desenvolvimento e à erradicação da pobreza.

No caso do setor de transportes, que responde mundialmente por 23% das emissões de CO2 e é o que mais cresce (2% ao ano), o maior problema para a redução das emissões é o alto custo político das medidas a serem tomadas. Todas as soluções logísticas e tecnológicas para mitigar o problema no curto prazo já existem e não precisam ser reinventadas, sustenta o capítulo 5 do relatório, coordenado pela pesquisadora Suzana Kahn Ribeiro, do Programa de Engenharia Transportes da COPPE/UFRJ, junto com o cientista japonês Shigeki Kobayashi, ligado ao setor automobilístico.

O pesquisador Emílio la Rovere, do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, é também autor do capítulo 3 e integra o chamado Grupo de Trabalho sobre Dados para Cenários de Impacto e Análise Climática (Task Group on Data Scenario Input for Impact and Climate Analysis). O Grupo é responsável por reunir e filtrar os dados usados para a construção dos cenários do IPCC, fazendo uma análise crítica daquilo que é publicado no mundo todo, agrupando e dando homogeneidade aos dados usados pelos integrantes do IPCC.

“Parece cada vez mais claro que o que induz ao progresso tecnológico são as restrições. Quanto mais caro ficar determinada tecnologia (ou combustível), mais se partirá para outras alternativas”, afirma Emílio, que é membro convidado do IPCC desde 1992, quando participou da preparação do Grupo III do Segundo Relatório de Avaliação.

Segundo o secretário-geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, que foi um dos autores do III Relatório do IPCC, o governo brasileiro deve adotar um plano de ação de mitigação e adaptação das regiões do país afetadas pelas mudanças climáticas. “Para adotar medidas de mitigação e adaptação, é preciso caracterizar as conseqüências do fenômeno no hemisfério Sul e envolver toda a sociedade”, afirma Pinguelli, que também é Coordenador do Programa de Planejamento Energético da COPPE.

Com o objetivo de debater os principais pontos do relatório sobre mitigação e discutir as sugestões do Fórum para o Plano Nacional de Ação de Enfrentamento das Mudanças Climáticas a ser adotado pelo governo do presidente Lula, o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas realizará, no dia 8 de maio, às 10 horas, na COPPE, um seminário que contará com a presença dos três pesquisadores brasileiros que participam do Grupo III do IPCC.

Veículo: Portal Mercado Ético – SP   Data: 07/05/2007   Editoria: Noticías

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