• Edição 259
  • 21 de julho de 2009

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Educação ambiental em debate na Praia Vermelha

Maria Clara Senra


Derrubada de florestas. Poluição dos oceanos. Derretimento das calotas polares. O homem vem causando grande degradação ao meio ambiente. O modelo de produção capitalista, baseado em complexos industriais e propostas de consumo em massa, contribui para a destruição da natureza muitas vezes de forma irreversível. Para que o planeta seja um lugar habitável para futuras gerações, muitas organizações não governamentais e movimentos sociais vêm travando uma batalha em defesa dos ecossistemas. A cada dia cresce o número de pessoas que querem ensinar a importância da “consciência ambiental”.

Pensando em ampliar essa discussão, a Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA), em parceria com a UFRJ, realiza o VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental. O evento, reunindo mais de 40 redes de educação ambiental de todo o país, acontece de 22 a 25 de julho no campus da Praia Vermelha da UFRJ. Estão previstos cerca de 100 minicursos e oficinas, 10 mesas-redondas e 20 jornadas temáticas, além de lançamentos de livros, shows musicais, festival de vídeos e apresentação de pôsteres. Cerca de quatro mil pessoas, entre alunos, professores e pesquisadores, são esperadas na Praia Vermelha.

Tomaz Langenbach, professor da UFRJ, pesquisador da área de Microbiologia Ambiental e palestrante do evento, explica que a importância da discussão desse tema tem como objetivo buscar maneiras de dinamizar a educação ambiental para a reformulação de hábitos da população e entender, ao mesmo tempo, que é necessário discutir sobre como interferir nas políticas ambientais. “São as políticas que vão balizar e orientar os investimentos e a conduta em relação aos processos produtivos”, salienta o professor.

Além de promover fóruns e estimular a discussão na área, a UFRJ atua em defesa do meio ambiente também por meio do desenvolvimento de pesquisas. “A introdução de tecnologias alternativas passa pelo desenvolvimento científico e tecnológico. Existem grupos muito ativos na UFRJ. Este conhecimento é divulgado através das revistas científicas, mas a sua tradução para a prática se mostra muito difícil, principalmente quando contraria interesses econômicos. A melhor interação entre pesquisa, sociedade, empresas e Estado precisa ser discutida para sua dinamização.”

Desenvolvimento sustentável

Segundo Declev Dib-Ferreira, coordenador do evento e educador ambiental, os avanços conquistados na área de proteção do meio ambiente continuam sob ameaça. “Construímos durante décadas e com muito custo uma legislação ambiental e uma consciência ambiental na sociedade para, nos dias de hoje, presenciarmos um ataque visando ao retrocesso. São parcelas da sociedade que ganham dinheiro com a degradação ambiental. Os avanços, especialmente na área de legislação – com a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental, por exemplo –, fazem com que esses grupos que só visam ao lucro queiram diminuir as proteções e cuidados com o meio ambiente”, afirma o organizador.

Declev critica as políticas públicas que priorizam o desenvolvimento econômico em detrimento da preocupação com a sustentabilidade. “A principal questão é o cuidado que se deve ter com o tão perseguido ‘desenvolvimento’. O meio ambiente fica sempre em segundo plano quando se fala em economia, produção, geração de empregos, superávit e PIB. Toda a questão econômica vem primeiro e o meio ambiente, depois. Nossa preocupação é: como fazer para que o país possa alcançar qualidade de vida para todos, de verdade, sem destruir o meio ambiente?”

Novidades

Segundo o organizador, o VI Fórum vai trazer muitas novidades em relação às edições anteriores. “Todos os setores da sociedade estarão representados, assim como todas as regiões do Brasil. Este fórum terá algumas atrações, como o VI Fórum Virtual, reunindo os fóruns de discussão, o Espaço Ecumênico e o Espaço Semente, com atividades educativas para as crianças”, anuncia.

Estão previstos o Encontro Comunitário de Educação Ambiental, organizado pela Federação de Associações de Moradores e a Associação de Favelas do Rio de Janeiro, o Encontro das Salas Verdes, o Encontro de Coletivos Educadores e uma reunião com representantes da sociedade civil nos colegiados do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). O Fórum conta com o apoio da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraco), que transmitirá ao vivo as discussões do evento para cerca de 100 rádios comunitárias. Na ocasião será lançado ainda o número 4 da Revista Brasileira de Educação Ambiental.

Representantes do poder público nas esferas federal, estadual e municipal participam do evento. O Fórum também se converterá em espaço de diálogo entre a REBEA e demais redes ambientais, dentre elas: Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, Rede da Juventude pelo Meio Ambiente, Rede de Justiça Ambiental, Rede Ecossocialista, Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia), Rede de Educomunicação Ambiental (Rebeca), Fórum Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais e Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema-RJ).

Ao fim do evento, os participantes deverão formular um documento, denominado “Carta da Praia Vermelha”, a ser entregue ao poder público em todos os níveis, buscando a coesão na formulação de políticas ambientais.

Informações sobre inscrições e submissão de trabalhos podem ser obtidas no site do evento. Nele, o visitante encontra também um espaço interativo, com discussões e trocas de ideias em prol da qualidade da educação ambiental brasileira.