• Edição 247
  • 28 de abril de 2009

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UFRJ vence Prêmio Petrobras

Stephanie Oliveira - AgN/ CT

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A crescente demanda tecnológica mundial requer pesquisas que otimizem e multipliquem a produção energética. Um dos objetivos do Prêmio Petrobras de Tecnologia é incentivar trabalhos que contribuam para o uso racional das fontes energéticas existentes ou para o desenvolvimento de fontes renováveis alternativas de energia. Este ano, em sua 4ª edição, quatro alunas da UFRJ estão entre os vencedores.

O concurso, que reuniu 473 estudantes de 15 universidades e institutos tecnológicos e de pesquisas do Brasil, contou com uma comissão de 11 pesquisadores e especialistas da Petrobras para avaliar e selecionar os melhores trabalhos inscritos nesta edição. Serão concedidas bolsas de estudo do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e uma quantia em dinheiro para os melhores trabalhos de doutorado, mestrado ou graduação, divididos em oito áreas da indústria petrolífera.

Ana Carolina Caldas, engenheira recém-formada na Escola Politécnica, concorreu pela categoria Tecnologia de Perfuração e de Produção, com o trabalho de graduação “Análise Estrutural de tubos expansíveis para poços de petróleo”. A estudante contou com a orientação do professor Theodoro Antoun Netto durante os dois anos em que desenvolveu o trabalho no Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia).

A engenheira acredita que a conquista do prêmio aconteceu devido à aplicabilidade que ele tem para o setor de perfuração de poços, aos ensaios em laboratório e ao modelo e às análises numéricas realizadas.

— Não esperava ganhar o Prêmio de Tecnologia da Petrobras por ser um concurso de alto padrão e abrangência — diz Ana Carolina, surpresa com a vitória. Como vencedora de um trabalho de graduação, Ana Carolina receberá R$ 10 mil, além de uma bolsa de estudos do CNPq para elaboração da tese de mestrado.

Também autora de um trabalho na categoria de graduação, Luiza Torres Abrantes apresentou um estudo sobre catalisadores de Pd-Pt e Pd-Ir para serem usados em um processo de refino da indústria de petróleo chamado de hidrodesaromatização (HDA). No processo, compostos aromáticos presentes no petróleo são transformados em hidrocarbonetos saturados, o que melhora a qualidade do óleo diesel, já que o poder de combustão é prejudicado pela presença de aromáticos.

— Neste contexto de demanda crescente pelo processamento de petróleos cada vez mais pesados para continuarmos a obter combustíveis com alta qualidade, os catalisadores de Pd-Pt e Pd-Ir são importantes para melhorar a economicidade do processo de HDA e permitir a produção de óleo diesel de alta qualidade — esclarece Luiza sobre o trabalho.

O trabalho de Luiza Abrantes envolve no zelo ambiental uma questão de saúde pública, ao citar as legislações ambientais em todo o mundo, que limitam a emissão de compostos danosos ao meio ambiente e à saúde, em especial os hidrocarbonetos aromáticos, que são altamente cancerígenos. Neste ponto, os catalisadores estudados são importantes por agirem diretamente na redução de hidrocarbonetos aromáticos.

Preocupação Ambiental

Outra vencedora é a microbiologista Ayla Sant’ana da Silva, que concorreu no setor de energia, na categoria de mestrado, com o trabalho “Hidrólise Enzimática do Bagaço de Cana-de-Açúcar para a Produção de Etanol de Segunda Geração”.

— O Brasil hoje produz etanol a partir do caldo da cana-de-açúcar. Existe, entretanto, uma quantidade excedente de bagaço que pode ser usada para a produção do álcool combustível de biomassa, também chamado Etanol de Segunda Geração, sendo esse o foco do meu trabalho — explicou ela.

Graduada em Microbiologia e Imunologia e mestranda de Bioquímica na UFRJ, Ayla considera o desenvolvimento da tecnologia de produção de Etanol de Segunda Geração muito importante para o país, sob o ponto de vista estratégico, uma vez que já existe no Brasil a estrutura de produção de etanol que funciona muito bem. Para ela, esse é um fator que posiciona o país de forma vantajosa em relação a outros que teriam que começar do zero. “É preciso mais recursos para a pesquisa, para que tecnologias mais avançadas possam ser incorporadas e não fiquemos para trás nessa corrida internacional”, afirma Ayla Sant’ana.

Para Ayla, o foco ambiental do projeto é importante para se construir uma sociedade cada vez mais sustentável. “Muitas vezes o foco do projeto é apenas a sua importância econômica na produção de álcool para o país. Entretanto, o uso de etanol, sob o ponto de vista ecológico, é muito positivo, pois o gás carbônico gerado nos carros pela queima do etanol é reciclado pelas plantas, havendo uma importante contribuição para a diminuição do efeito estufa”, explica a bioquímica.

Ayla está agora no Japão, estudando novas técnicas de pré-tratamento do bagaço e da palha da cana para facilitar a atuação das celulases e tentar assim atingir melhor eficiência na hidrólise enzimática. Ela conseguiu a vaga no final de 2008, quando a JICA (Japan International Cooperation Agency) abriu vaga para um curso em Pesquisa em Biomassa (Research on Biomass Technology).

— Ser aluno da UFRJ foi essencial, pois a JICA só aceita propostas vindas de algumas instituições brasileiras que eles consideram elegíveis — declarou.

Além de Ayla, Aline Junqueira Maia também concorreu na categoria de mestrado, e foi vencedora do setor de tecnologia de refino e petroquímica com o trabalho “Efeito do Níquel sobre a Formação de Insumos Petroquímicos em Zeólitas de Poros Pequenos”.

Conselhos aos iniciantes

A entrega dos prêmios está prevista para acontecer até o início de junho, ainda sem local, dia e horários definidos. A Petrobras, no entanto, vai comunicar a todos os vencedores quando estiver tudo acertado.

As estudantes consideram o amor à profissão um fator essencial para o sucesso. “Pesquisa sempre foi o que eu sonhei fazer. Eu realmente amo o que faço e acho que isso é o mais importante para a formação de um bom profissional”, disse Ayla. Luiza Abrantes compartilha da mesma ideia:

— Em primeiro lugar é necessário que você goste de química, é claro, pois quem não gosta do que faz nunca fará benfeito — revela.

Abrantes sugere ainda que os estudantes comecem a fazer iniciação científica cedo e que não tenham medo de mudar de área de pesquisa se não estiverem gostando. Para ela, O importante é descobrir o que satisfaz. Luiza Abrantes também destacou a importância de buscar estágios fora da universidade, algo que aumenta a visão do mercado de trabalho, o conhecimento e enriquece o currículo.