• Edição 226
  • 24 de outubro de 2008

No Foco

Novidades na relação candidato-vaga do Vestibular 2009

Júlia Faria

foto no foco

A listagem de relação de candidato por vaga do Vestibular 2009, da UFRJ, trouxe uma surpresa: o aumento da procura pela Graduação em Geologia. Enquanto no Vestibular 2008, 8,38 candidatos disputavam uma vaga no curso, esse ano a proporção subiu para 23,33. A carreira mais procurada é Medicina com 34,17 candidatos para cada vaga no campus de Macaé e 27,17 na Cidade Universitária.

Segundo Ismar Carvalho, diretor adjunto de Graduação do Instituto de Geociências, a alta relação candidato por vaga apresentada este ano pelo curso de Geologia reflete um mercado de trabalho ávido por profissionais especializados. “Nos últimos dois anos tem ocorrido uma ampla divulgação das atividades profissionais desenvolvidas por geólogos, em especial por haver um mercado de trabalho que necessita de uma grande quantidade de novos profissionais”, afirma o professor.

A ampliação de ofertas de trabalho para quem cursa Geologia é também ressaltada por Emílio Velloso Barroso, chefe do Departamento de Geologia. O professor esclarece que o mercado para geólogos passa por um bom momento em diversas áreas, como petróleo e gás, mineração, construção civil e meio-ambiente. “Até mesmo na Academia tem havido inúmeras oportunidades de concursos em novas unidades de pesquisa criadas em todo o território nacional, além da renovação dos quadros das universidades mais antigas”, completa Barroso.

Ismar Carvalho explica também que o aumento da relação candidato-vaga foi ainda motivado pela redução na quantidade de vagas oferecidas que, anteriormente, totalizavam 50 e para o próximo ano se reduziram a 30. Tal diminuição é resultado da redistribuição de vagas necessária à criação do Bacharelado em Ciências da Matemática e da Terra. “O Departamento de Geologia ampliou suas atividades letivas, com uma maior oferta de disciplinas para os cursos de Engenharia do Petróleo, Geografia, Química e Biologia, bem como para o novo Bacharelado. Assim, a redução foi estratégica para mantermos a qualidade do curso de Graduação em Geologia”, diz o professor.

— Esperamos que esse crescente interesse pela Geologia modifique positiva e gradativamente o perfil dos alunos que vamos receber, em tese, melhor preparados. Devemos aproveitar esse momento para consolidar a enorme relevância que a Geologia tem para o país e para a sociedade — aponta Emílio Barroso.

Procura por novos cursos

Contrastando com a relação candidato-vaga da graduação em Geologia, está a de alguns cursos novos como Saúde Coletiva e Bacharelado em Ciências da Matemática e da Terra, que apresentam proporção, respectivamente, de 0,95 e 0,25. Marta Barroso, uma das coordenadoras do Bacharelado, esclarece que um curso novo e com uma proposta inovadora na concepção do aluno estabelecer sua trajetória certamente não apresentará, de imediato, uma grande demanda.

A novidade apresentada pela nova Graduação consiste em permitir uma maior autonomia ao estudante. Segundo Marta, no primeiro ano, o estudante tem um conjunto de muitas disciplinas obrigatórias, mas, a partir do segundo, ele traça o caminho que deseja seguir. “O aluno passa então a escolher eletivas e o tipo de formação que deseja — mais aprofundado em matemática, mais aprofundado em ciências da terra, entre outros. Já no terceiro ano, ele só tem disciplinas eletivas”, afirma a professora.

Marta Barroso explica, ainda, que a maior procura por um curso vem da percepção do estudante de Ensino Médio, em conjunto com sua família e escola, das possibilidades de mercado de trabalho. “Aos poucos, com as discussões sobre as perspectivas desses alunos, com a informação sendo divulgada entre os professores, a procura deve aumentar”, espera a coordenadora.

Segundo Luís Otávio Langlois, coordenador do Vestibular, é notável a resistência dos alunos a áreas que não são as mais tradicionais. O professor explica que Relações Internacionais, um curso mais conhecido, teve, assim, maior procura. “Não acredito que tenha ocorrido falta de divulgação dos novos cursos. Porém, depois que eles já estiverem implementados, os coordenadores poderão realizar visitas a escolas e ministrar palestras de forma a fazer com que as pessoas possam entender as características de tais graduações”, diz o professor.

O coordenador aponta que a Graduação em Saúde Coletiva, por exemplo, apesar de ter apresentado baixa relação candidato por vaga, desponta como uma das que futuramente devem ter uma maior procura, pois vai ao encontro de diretrizes fundamentais para melhorar a área de saúde no Rio de Janeiro.

— Demora algum tempo até que as pessoas entendam exatamente o que é cada um dos novos cursos, principalmente quando eles não são muito tradicionais. Cabe então à UFRJ levar à sociedade mais informações acerca dessas graduações — conclui Langlois.