• Edição 225
  • 14 de outubro de 2008

Plano Diretor

Comitê conhece o Acqua Móbile e outras propostas
para o Plano Diretor UFRJ 2020



Pedro Barreto

O Comitê Técnico do Plano Diretor UFRJ 2020 conheceu, no último dia 13, a proposta do Programa de Engenharia de Transportes para o transporte aquaviário. A professora Milena Bodmer apresentou o “Acqua Móbile”, que prevê a construção de três aquacentros – terminais hidroviários, centros de comércio e integrações com transportes terrestres – duas embarcações com capacidade para 100 passageiros cada, 12 barcos para 20 passageiros, além do tratamento urbanístico para abrigar o terminal da Praia Vermelha. O investimento, que, além de outras parcerias, contaria com recursos do BNDES, seria de R$ 16,9 milhões. O valor da passagem seria de R$ 1,18.

Na apresentação, foram exibidos três modelos de embarcações: o Acqua Mini, com capacidade para 20 passageiros, velocidade de 25 nós, de valor estimado em R$ 230 mil; o Acqua Bus, para o transporte de até 400 passageiros, velocidade de 20 nós, a um custo aproximado de R$ 1,5 milhão; e o Acqua Roro, veículo mais lento, adequado para a travessia de até quatro ônibus urbanos, de R$ 2,7 milhões, aproximadamente. Todos seriam construídos com tecnologia da UFRJ, o que serviria de incentivo à produção nacional e de vitrine para a universidade.

Segundo Milena, o “Acqua Móbile” tem como diretrizes a responsabilidade social, ética e ambiental, além de atrelar o transporte público às atividades sócio-econômicas da região. “O porto de atracação deve ser instalado onde se pretende intensificar as atividades sócio-econômicas com condições de gerar receita”, afirma.

A proposta abrange o atendimento da população de toda a Baía de Guanabara. No entanto, a rede Campi seria uma subdivisão do projeto que pretende suprir a carência de transportes dos estudantes da Cidade Universitária e da Praia Vermelha, além dos alunos da UFF. A idéia é criar um convênio entre UFRJ, UFF, Governo do Estado e as prefeituras do Rio e de Niterói, mas “com autonomia para as duas universidades administrarem o transporte de sua clientela, de um lugar para um outro, como já acontece com o transporte terrestre”, como lembrou o reitor Aloísio Teixeira, durante o encontro.

O reitor sugeriu ainda a elaboração de um modelo experimental, de trajeto reduzido, para apresentar aos potenciais investidores. Já o professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR) Carlos Vainer destacou a importância de o projeto ser modelo de integração entre a universidade e a cidade, conforme prevêem as diretrizes do Plano Diretor UFRJ 2020. “O que me atraiu no projeto do Maglev-Cobra foi a possibilidade de ligar os dois aeroportos”, recordou, em referência ao projeto apresentado na reunião do último dia 6.

O transporte de levitação sobre trilhos também foi pauta da reunião do comitê. O engenheiro Eduardo Gonçalves David, professor do Instituto Alberto Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), apresentou mais detalhes da proposta de levar os passageiros desde o terminal rodoviário - a ser construído nas proximidades do Hospital Universitário - até a Vila Residencial, numa distância de 4,2 quilômetros. O valor total seria de R$ 40 milhões, com previsão de retorno do investimento em sete anos. Deste total, as despesas com infra-estrutura ficariam por volta de R$ 25 milhões, a criação dos terminais abrangeria o montante aproximado de R$ 7 milhões e a construção dos módulos para 130 passageiros, custos de projeto e gerenciamento, na casa dos R$ 8 milhões.

Outro tema discutido no encontro foi a tão aguardada segunda ponte de acesso à Cidade Universitária. O professor Francisco Rezende Lopes, professor titular do Coppe, levou detalhes de dois projetos de ligação entre o Centro de Tecnologia e a Linha Vermelha, ligando a universidade ao Centro e às zonas Norte e Sul da cidade. Também foi debatida a utilização do espaço da chamada “perna seca” do HU. O projeto de demolição custaria por volta de R$ 11 milhões e outros R$ 10 milhões seriam utilizados para a recuperação de 10 mil metros quadrados da área.

Finalmente, a criação de novas bibliotecas ocupou a parte final da reunião. A idéia predominante entre os membros do comitê prevê a construção de uma biblioteca central, onde estaria localizado o acervo de obras raras, teses e documentos sobre a história da universidade, além de três bibliotecas setoriais localizadas na área do CCS, CT e CCMN e Humanidades, no espaço onde deverão ser instaladas as unidades do CCJE, CFCH e Letras, entre outras.

A coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ (SiBI), Paula Maria Abrantes Cotta de Mello, concorda que as atuais 27 bibliotecas espalhadas pelas unidades são um problema. “As pequenas bibliotecas dão grande despesa e não contam com pessoal suficiente para o atendimento”, avalia.

Vainer ressaltou a necessidade da preservação das obras raras. “Não podemos deixar as nossas jóias guardadas em locais sem estrutura para abrigo e conservação. As nossas bibliotecas ainda são dos anos 50. Precisamos de locais adequados que, além de ambiente apropriado para este acervo, tenham capacidade de atender às necessidades atuais dos estudantes, inclusive com a instalação de salas de vídeo, de projeção e outros recursos disponíveis nos dias de hoje”, frisou.