• Edição 198
  • 08 de abril de 2008

No Foco

Cidade Universitária de Macaé: interiorização e integração

Vanessa Sol

foto no foco

Com aproximadamente 169 mil habitantes, o município de Macaé agora conta com uma cidade universitária. O campus instalado na região é fruto de uma parceria entre a prefeitura local e a UFRJ. A nova sede abriga os cursos de Graduação em Ciências Biológicas, em Farmácia e Licenciatura em Química. Outros cursos, como Enfermagem, Nutrição e Medicina, também planejam abrir novas turmas no local. O desejo de interiorização por parte de alguns cursos já era antigo e o convênio firmado viabilizou a concretização da idéia.

O ano letivo para os estudantes que ingressaram pelo Vestibular 2008 começou desde o início de março, apesar de a criação do campus ter sido formalizada pelo Conselho Universitário há cerca de uma semana, sem prejuízos ao corpo discente.

A nova unidade da UFRJ foi instalada em um prédio construído pela Prefeitura de Macaé, responsável também pela manutenção de infra-estrutura, pela reforma do mobiliário, além da futura construção de laboratórios. Ao todo, serão seis blocos dentro do campus. Apenas um bloco já está construído, tem três pavimentos e 30 salas de aula. A construção de outros dois prédios já está em licitação; em 2009, os cursos já poderão contar com estas novas instalações.

A presença da universidade na cidade de Macaé tem sido cada vez mais forte, estimulada pela população da região desde a criação do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM/UFRJ), em 1994. O NUPEM é um órgão suplementar da UFRJ, onde são desenvolvidas atividades de Extensão do curso de Graduação em Ciências Biológicas.

A Faculdade de Farmácia, ao saber que o Instituto de Química (IQ) estava se mobilizando para realizar a interiorização, optou também por abrir uma turma no campus, tendo em vista as inúmeras disciplinas do curso de Farmácia ministradas pelo IQ. Uma turma do curso de Graduação em Ciências Biológicas já tinha sido aberta em 2006, porém as aulas eram ministradas no NUPEM e agora já estão no novo campus da UFRJ.


Modelo de integração

Os três cursos, que agora têm turmas no campus de Macaé, oferecem cada um deles 25 vagas para cada semestre. Segundo a diretora do IQ, professora Cássia Turci, a idéia é implementar um modelo acadêmico de integração onde os discentes dos diferentes cursos, que tenham na grade curricular as mesmas disciplinas, assistam juntos às aulas.

– Não queremos ter em Macaé uma estrutura fragmentada como a existente ainda hoje na UFRJ - explica a diretora, afirmando, ainda, que a idéia de integração tem como objetivo otimizar os recursos humanos, professores e funcionários, laboratórios e salas de aula.

Além da tentativa de integração entre os cursos da UFRJ, há também uma outra proposta de integração de espaço físico com outras universidades. A UFRJ, no campus Macaé, divide as instalações cedidas com uma faculdade mantida pela Prefeitura da cidade (Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos – FeMASS) e com cursos de Graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF).

– É uma experiência nova de integração. Nem sempre a tarefa é fácil, mas é um exercício onde podemos trabalhar com pessoas diferentes - enfatiza a diretora do IQ.


Regime de docência

Atualmente, os cursos são ministrados por professores substitutos. Entretanto, com a abertura de concurso para os quadros permanentes de docentes da UFRJ, eles precisarão ser efetivamente alocados na cidade, a fim de desenvolver com qualidade as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão. De acordo com a diretora de Instituto de Química, este é um ponto fundamental para o desenvolvimento do campus.

– Para haver um curso com excelência é necessário os professores desenvolverem suas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão em Macaé.


Importância

Para os diretores, há uma preocupação de ordem social com a região, tanto de difusão do conhecimento quanto de desenvolvimento econômico. De acordo com o diretor da Faculdade de Farmácia, professor Carlos Rangel Rodrigues, a interiorização da UFRJ possibilita aos jovens da região norte-fluminense a oportunidade de ingressar em um curso superior de qualidade sem o ônus do deslocamento.

– Isso permite a jovens de baixa renda disputar melhores vagas e permanecer na sua própria região. A fixação do profissional em Macaé e nas imediações contribui para o desenvolvimento social e econômico da região - ressalta Rangel, afirmando ainda, com a abertura de uma turma do curso de Farmácia, as indústrias do setor farmacêutico e correlatos poderão se instalar na região atraídos pela existência de recursos humanos qualificados.

Além disso, há a intenção de construir, em conjunto com a Prefeitura de Macaé, uma escola técnica rural voltada para o manejo e aproveitamento dos recursos naturais da região e para a produção de matéria-prima de medicamentos fitoterápicos.

– Temos o plano de implementar uma farmácia de fitoterápicos para atender aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) - enfatiza o diretor.

De acordo com a diretora do IQ, o instituto tem uma especial vocação para as atividades de Extensão, cumprindo bem o papel de difusão do conhecimento, desenvolvimento econômico e social.

– Abrir uma turma do curso de Graduação de Licenciatura em Química ajudará a população local com a formação de profissionais qualificados; haverá em médio e longo prazo uma melhora no Ensino Médio da região - destaca a diretora; e lembra que a Química tem uma atuação muito grande na área de petróleo, forte atrativo em Macaé. O IQ pretende, ainda, implantar o curso de Mestrado profissional em Meio Ambiente.

Para Turci, a iniciativa de novos projetos e propostas não pode depender apenas de decreto: “Precisam surgir a partir das demandas do país; a interiorização é fundamental neste processo”, avalia.