• Edição 195
  • 18 de março de 2008

Ponto de Vista

UFRJ combate carência de mão-de-obra especializada na TV digital



Miriam Paço – AGN/CT

imagem ponto de vista

A TV digital, tecnologia desenvolvida desde a década de 1970 pelo Japão, é alvo de preocupação após sua implantação em dezembro do ano passado no Brasil. Ela permite a visualização de imagens em alta resolução, amplificação sonora, formato de tela widescreen (semelhante ao cinema), além da possibilidade de acessar e interagir com uma diversificação maior da programação pela transmissão simultânea de atrações diferenciadas.

Existem três sistemas de TV digital: o sistema americano (ATSC), o sistema europeu (DVB) e o sistema japonês (ISDB). Este último foi implantado no país tendo São Paulo como estado pioneiro.

Recentemente, o Ministro das Comunicações Helio Costa solicitou às universidades que criassem cursos de especialização nessa área para atender à demanda crescente de profissionais. A carência de mão-de-obra é um dado preocupante e precisa ser discutido.

Para conhecer os principais problemas gerados por essa situação e como a UFRJ pretende se inserir nesse contexto, o Olhar virtual conversou com Eduardo Antônio Barros, professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE).

Olhar virtual: Para o senhor, o que explica essa carência de mão-de-obra na área da TV digital?

Muitas universidades, não é o caso da UFRJ, só começaram a se preocupar com a TV digital recentemente, quando se tornou “moda” falar sobre. Até que elas consigam se capacitar para oferecer os cursos necessários e então formar profissionais aptos vai levar algum tempo.

Olhar virtual: O que vem sendo feito dentro da UFRJ para mudar essa realidade?

Inicialmente, é importante dizer que aqui na UFRJ já trabalhamos com TV digital há mais de 20 anos. A defesa da primeira tese de doutorado em temas relacionados à TV digital ocorreu na COPPE/UFRJ em 1988, orientada pelo prof. Gelson Vieira Mendonça. Desde então viemos formando recursos humanos em TV digital em nível de Pós-graduação. Além disso, damos treinamento a empresas desde 1997 e o Departamento de Eletrônica da Escola Politécnica da universidade oferece um curso de Graduação e Pós-graduação nessa área há cerca de dez anos. Há ainda um curso de Extensão aberto ao público que oferecemos regularmente, com duração de 60 horas.

Olhar Virtual: Além destes, que outros cursos o senhor acha que poderiam ser criados?

Talvez fosse interessante criarmos alguns cursos específicos na área de software para desenvolvimentos de aplicações interativas.

Olhar virtual: Que características um profissional deve ter para atuar nessa área?

A TV digital usa tecnologia de ponta, tanto na área de telecomunicações quanto de processamento de sinais ou software. Na área técnica, é desejável, qualquer que seja o ramo em que o profissional vá atuar, o conhecimento básico de processamento de sinais, transmissão digital e compressão de dados, mesmo que ele vá apenas desenvolver software para aplicações interativas, por exemplo.

Olhar virtual: Quais são os principais problemas que a falta de mão-de-obra qualificada pode trazer para a implantação da TV digital no Brasil?

Como a TV digital é um assunto bastante técnico, o conhecimento dos seus fundamentos é muito importante para o desenvolvimento de qualquer trabalho. Por exemplo, os nossos alunos são disputados pelas emissoras de TV quando se formam. A falta de mão-de-obra qualificada inviabiliza a instalação e manutenção dessa tecnologia.

Olhar virtual: Quanto tempo o senhor acredita ser necessário para que esse problema seja solucionado?

Nós já estamos fazendo a nossa parte há 20 anos. As outras universidades já começaram a se mexer; esta realidade deve mudar rápido.