• Edição 177
  • 25 de setembro de 2007

De Olho na Mídia

Tuberculose: cobertura midiática deixa a desejar

Aline Durães

imagem ponto de vista

O Rio de Janeiro é o campeão em casos de tuberculose no Brasil. Anualmente, há cerca de cem mil novas ocorrências da doença no país; treze mil delas registradas na região fluminense. A concentração urbana conjugada a condições inadequadas de moradia são os fatores que explicam a forte incidência da tuberculose no estado.

Entretanto, para Alexandre Cardoso, diretor-geral do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), as altas taxas da enfermidade no Rio de Janeiro refletem ainda falhas no sistema público de saúde do estado e, ao mesmo tempo, certa negligência por parte da grande mídia no acompanhamento dos assuntos relacionados à ciência e vida.

Ao contrário do que acontecia no final do século XIX, quando a tuberculose, vulgarmente conhecida como tísica pulmonar, dizimava levas consideráveis da população mundial, a doença hoje possui tratamento e cura identificados. De acordo com Alexandre, embora o Ministério da Saúde (MS) venha se dedicando a esclarecer a população acerca da moléstia através de campanhas realizadas nos diversos meios de comunicação, os canais públicos de atendimento ainda são precários.

– Quando o MS divulga o aumento da ocorrência de tuberculose, os efeitos são sentidos, tanto no HU, como nos demais hospitais e consultórios médicos. As pessoas procuram ajuda, mas é necessário que o sistema de saúde tenha capacidade de atender a essa demanda. Não adianta o indivíduo buscar auxílio e não ter resposta para a sua dúvida; se isso acontece, ele acaba desacreditando do sistema e da mídia – alerta o professor.

Alexandre critica também a ausência de um caderno de saúde, a exemplo da editoria de Economia, para monitorar os investimentos alocados pelo Estado para a erradicação das endemias. Segundo o professor, os jornais impressos de circulação nacional deveriam dispor de colunas especializadas, nas quais fossem confrontados o número de pessoas curadas de tuberculose e o número de casos diagnosticados da doença:

– Isso mostraria o não cumprimento das metas. A mídia, em pequenas notas, poderia funcionar como um tutor e cobrar atitudes efetivas dos secretários de saúde. Desse modo, ela informaria e, ao mesmo tempo, acompanharia o processo. A saúde é dever do Estado, ele precisa ser cobrado por suas responsabilidades – explicou o professor, lembrando que grande parte dos doentes, diante das melhorias iniciais, interrompe o tratamento da tuberculose, o que retarda e, muitas vezes, impede a cura.

Ao completar sua análise da cobertura midiática a respeito da tuberculose, Alexandre Cardoso sugere que os serviços de Comunicação internos à universidade, como o Olhar Virtual e o Olhar Vital, por exemplo, passem a utilizar os dados disponíveis no Hospital Universitário para monitorar as ações do Estado no combate à doença: “Poderíamos funcionar como fontes de referência tanto para a grande mídia como para a própria sociedade”, finaliza.

Anteriores