• Edição 162
  • 12 de junho de 2007

Resenha

Divisões Perigosas: Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo

 

Por: Daniele Robert

capa do livro

Professores do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz lançam hoje, dia 12 de junho, na Livraria da Travessa, pela Editora Civilização Brasileira, o livro Divisões Perigosas: Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo, que reúne textos do debate sobre raça, racismo e desigualdades no país que resultou na Carta Pública “Todos têm direitos iguais na República Democrática”, criticando a lei que estabelece as cotas raciais nas instituições federais de ensino superior (Projeto de Lei das Cotas Raciais ou PL 73/1999) e ao chamado Estatuto da Igualdade Racial (PL 3198/2000).

O livro, com mais de 50 artigos de cientistas, intelectuais orgânicos e lideranças de movimentos sociais, declara que a abordagem racial utilizada pelas políticas afirmativas em discussão no Congresso Nacional está ultrapassada. Os textos conjeturam ainda a possibilidade de essas iniciativas, ao oporem brancos e negros, acarretarem manifestações de ódio racial, até o momento inexistentes no Brasil. Em busca de ampliar a discussão no seio da sociedade, a coletânea se posiciona contra o processo de racialização em curso no país que, em nome da justiça social, concebe o preconceito racial como o principal eixo explicativo do entendimento das desigualdades sociais e como centro definidor de políticas sociais.

Manolo Florentino, professor do Departamento de História do IFCS, garantiu sua participação no livro com o artigo “Da atualidade de Gilberto Freyre”, no qual defende que o autor de Casa-grande & Senzala continua a ser um dos maiores intelectuais brasileiros, embora, nos últimos anos, tenha sofrido críticas que o relacionam pejorativamente com o mito da democracia racial. No texto, o historiador sustenta que o escritor pernambucano, em sua obra, batalha a favor de uma noção de civilização brasileira que tem a miscigenação como característica principal, sem trabalhar, no entanto, com o conceito de democracia racial.

Os artigos criticam projetos políticos de igualdade que tem por finalidade buscar a polarização da sociedade brasileira em "brancos" e "negros". Os organizadores: Peter Fry, Yvonne Maggie, Simone Monteiro, Ricardo Ventura Santos e Marcos Chor Maio alertam para o fato de que a produção de identidades raciais fixas, estimulada pelo Estado, fortalece ainda mais o conceito de "raças" distintas e, em última análise, pode suscitar a cisão racial. O impresso contém, além da carta pública, um apêndice com trechos de cartas de leitores a vários jornais e revistas ao longo dos anos e outras cinco partes: "Raça, ciência e história"; "Quem é negro no Brasil?"; "Educação"; "Saúde"; e "Raça em tudo?".

A Livraria da Travessa fica na rua Visconde de Pirajá, nº 572. Para outras informações: 3205-9002.

Organizadores: Pesquisadores e professores do IFCS/UFRJ e Fiocruz

Editora: Civilização Brasileira

Ano: 2007

Páginas: 364