• Edição 143
  • 07 de dezembro de 2006

No Foco

Engenharia de Petróleo: em alta no Vestibular

Aline Durães

foto no foco

A demanda pelo curso de Engenharia de Petróleo foi a grande surpresa da edição 2007 do processo de seleção de novos alunos da UFRJ. 732 estudantes optaram por concorrer às 25 vagas disponibilizadas para o curso, o que gerou a relação candidato/vaga mais alta da universidade (29,28), superando carreiras tradicionalmente conhecidas pela forte competição no vestibular, como a Medicina (28,10) e a Comunicação Social (17,06).

Criada em 2004, a Engenharia de Petróleo, que, desde o princípio, apresentou altos índices de procura entre os pré-universitários, reúne disciplinas e docentes da Escola Politécnica (Poli), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) e da Escola de Química (EQ). A principal motivação para a constituição do curso foi a necessidade de formar profissionais que pudessem preencher as demandas do mercado do petróleo.

A construção de novos pólos petroquímicos e de refinarias levou grandes empresas, como a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), por exemplo, a reclamarem a carência de profissionais especializados e a anunciarem a realização de concursos futuros para o preenchimento de vagas relacionadas à Engenharia de Petróleo, em especial no Rio de Janeiro, maior produtor brasileiro ouro negro. A promessa de emprego despertou o interesse dos jovens pela nova habilitação: “A demanda de mercado para essa área aumentou muito nos últimos anos. Diante disso, a resposta dentro da universidade é imediata. Agora, muita gente quer trabalhar com petróleo”, avalia Belkis Valdman, vice-decana do Centro de Tecnologia (CT).

Para Ericksson Almendra, diretor da Poli, unidade que detém a responsabilidade acadêmica do curso, o “efeito novidade” é outro fator que explica a alta relação candidato/vaga verificada no vestibular 2007. “As quatro novas engenharias estão entre as quatro mais requisitadas pelos alunos. Há seis anos, quando a Engenharia de Materiais foi criada, a procura por ela era bem mais alta do que é hoje. Isso nos dá base para concluir que o curso, por ser novo, acaba atraindo mais alunos”, diz o professor.

Ericksson acredita, no entanto, que a demanda de vestibulandos pela Engenharia de Petróleo continuará elevada em função da forte ligação da economia do estado com a exploração do recurso natural. O professor também antecipa o interesse, ainda sem previsão de implantação, de ampliar o número de vagas do curso: “Estamos tentando conseguir mais salas para oferecermos, no mínimo, 40 vagas. Isso diminuiria a relação candidato/vaga, mas a procura seria ainda alta”, afirma.

Mercado de trabalho aquecido para demais engenharias

Os profissionais da Poli garantem que, se o Brasil elevar a taxa de crescimento dos atuais 3% para 5% ao ano, vão faltar engenheiros no mercado. Maiores índices de desenvolvimento implicam a construção de mais indústrias e o estabelecimento de novos projetos, e, de acordo com Ericksson Almendra, é na fase de implantação e planejamento que residem as reais possibilidades de emprego para os engenheiros.

Embora as perspectivas sejam positivas para todas as áreas de Engenharia, algumas habilitações permanecem pouco solicitadas pelos estudantes que prestam o vestibular da UFRJ. É o caso da Engenharia de Materiais (2,93 alunos por vaga na edição 2007) e da Metalúrgica (1,90). Na opinião de Belkis Valdman, grande parte dos vestibulandos ainda desconhece as áreas de atuação dessas carreiras. “Acho que a questão é pensar novos nomes que possam ser mais atrativos, até porque as denominações permanecem as mesmas desde o século XIX, apesar de as disciplinas já terem sido bastante modificadas nos últimos tempos”, completa a professora.