• Edição 132
  • 21 de setembro de 2006

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UFRJ colabora na formação continuada de milhares de professores

 

Leonardo Velasco

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A UFRJ influencia na formação de milhares de professores em todo Brasil. Isto porque é ela quem coordena o Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Ensino de Matemática e Ciências (Limc), em convênio com outras quatro universidades – Unirio, Puc-Rio, UFSCar e UFPE.

O Limc faz parte da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, construída pelo Ministério da Educação (MEC) em 2004. O projeto dividiu as áreas do conhecimento em cinco grandes áreas: alfabetização e linguagem; educação matemática e cientifica; ensino de ciências humanas e sociais; artes e educação física; e gestão e avaliação, cabendo à UFRJ ser um dos cinco centros responsável pela educação matemática e científica.

Apesar de o Limc realizar uma série de atividades, a que está mais em evidência agora é o Projeto Pró-Letramento, do governo federal. Com critérios baseados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), dez estados foram escolhidos para formação continuada de professores em português e matemática. Desta forma, o laboratório atende atualmente 15 mil professores do ensino fundamental.

O Pró-Letramento funciona em um sistema piramidal de ensino. Os professores são divididos em grupos que discutem internamente, sendo acompanhados por tutores, que mantém um relacionamento com o laboratório. Para isso, o projeto utiliza apostilas, destinada a professores e aos tutores.

Além do Pró-Letramento, outras pequenas atividades acontecem aos poucos, como em Atibaia, no interior de São Paulo e em Itaboraí, no Rio de Janeiro, onde o programa atinge cerca de 400 professores. “É pequeno em termos. O Pró-Letramento deixa a gente achando tudo pequeno agora”, brincou Marta Feijó Barroso, professora do Instituto de Física e integrante do laboratório.

O que é produzido no Limc é usado algumas vezes na licenciatura da própria universidade. O laboratório também tem trabalhos de pesquisa na área de educação nas áreas de matemática e ciência. Ele é atuante inclusive fora da Rede Nacional, realizando projetos relativos à formação de professores de ensino médio e licenciatura.

“O objetivo do MEC é transformar essa formação continuada em uma ação institucional e ser um padrão, que hoje não é” ressaltou Luiz Carlos Guimarães, professor do Instituto de Matemática e coordenador do Limc. A formação continuada para professores funciona de várias maneiras, como ao apresentar uma nova descoberta na área da pedagogia ou de matemática e das ciências, ou rediscutindo algum tópico que não é bem dominado.

Interinstitucional

O Limc é um órgão vinculado ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN-UFRJ) e tem foi constituído de forma interinstitucional, incluindo professores de outras universidades no laboratório. “É um de grupo de pesquisa”, afirma Marta Barroso, lembrando que as novas tecnologias de comunicação facilitam a interação entre os centros.

“É a norma da indústria, mas é também como a gente gosta de trabalhar”, ressaltou Luiz Carlos Guimarães, revelando que o Limc pode dar passos ainda mais distantes: “A professora Yuriko Yamamoto Baldin (da UFSCar) está no Japão atualmente participando de projetos e vai depois trazer um professor japonês para cá, a fim de trocar experiências ”.

Tanto para o professor Luiz Carlos Guimarães, quanto para a professora Marta Barroso, ser da UFRJ também é motivo causador desta busca por integração, já que ambos acreditam que a universidade ainda carrega a herança de ter sido uma faculdade nacional. Além disso, o tamanho dos projetos também torna necessário o trabalho em conjunto.

“Quando você pensa em um projeto que atinge 100 mil professores, como o Pró-Letramento, você vê que ninguém toca isso sozinho. Se você pensa em se fechar, você não vai chegar lá”, declarou a professora Marta.

O trabalho entre instituições é na verdade visto com naturalidade pelo laboratório. Para eles, o que é diferente no Limc é que existem áreas diferentes agindo muito proximamente. “Estamos começando a pensar em cursos que tenham mais de uma área, que é uma coisa mais complicada”, revelam os integrantes do Limc.

Para Monica Mandarino, professora da Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio, o laboratório abre a oportunidade de fortalecer e enriquecer os projetos de pesquisa e ações voltadas para a formação de professores que vinham sendo implementadas de forma isolada ou com superposição de esforços em diferentes intituições. Ela cita o atual trabalho desenvolvido em articulação com a Universidade Federal de Santa Catarina junto a professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da rede pública daquele estado. São 115 tutores que atendem, em média 30 professores . “Esse trabalho conjunto melhora a qualidade da produçao e possibita um trabalho mais abrangente”, conclui a professora Monica.