• Edição 119
  • 21 de junho de 2006

Resenha

Sociedade civil e hegemonia

capa do livro

Por: Francisco Conte

Poucos conceitos da filosofia política moderna obtiveram tal difusão como o de sociedade civil. Desde sua emergência no bojo liberalismo inglês, no séc. XVII, atravessando as reelaborações de Hegel e Marx, até alcançar uma centralidade inaudita em Gramsci e, daí, no debate marxista contemporâneo ele parece dotado de uma elasticidade desconcertante. Entretanto, como observa em sua obra Jorge Luis Acanda, professor de história do pensamento marxista na Universidade de Havana, Cuba, esta aparente unanimidade encobre uma pluralidade, não raro contraditória, de compreensões. Há os que concebem a sociedade civil, por exemplo, como contraposta ao Estado, que deve ser minimizado e parte de suas funções paulatinamente transferidas a ela. Anódina e indiferenciada, eqüidistante dos condicionamentos políticos, a sociedade civil assim concebida se construiria exclusivamente como espaço de liberdade frente à coerção estatal.

Essa não é a leitura de Acanda, um dos mais importantes intelectuais cubanos da atualidade. Sua opção é, numa linha de (re)construção conceitual que remonta às formulações gramscianas, entender a sociedade civil como esfera integrante do Estado ampliado e como espaço privilegiado do confronto de classes onde os mais diversos grupos sociais disputam e pactuam projetos societários. O livro, entretanto, não se contenta com mais uma, ainda que competentemente e bem informada, exegese da contribuição do autor de Cadernos do Cárcere. Traça um das mais agudas análises do percurso do conceito e, em larga medida, do debate político desde o séc. XIX. Paralelamente, estabelece aproximações instigantes entre esse conceito e o de hegemonia, que também conforma o repertório gramsciano.

O livro que ganhou, em 2003, o prêmio da Academia de Ciências de Cuba, como melhor contribuição do ano na área das Ciências Sociais, traz ainda importante apêndice sobre a recepção da obra de Gramsci naquele país e sobre o impacto das suas categorias nos debates políticos recentes. Não desperta surpresa identificar que as contribuições do marxista italiano tenham sido quase que desconsideradas no período em que Havana mais se alinhou à URSS, como também não parece inusitado reconhecer que elas venham freqüentado, cada vez com mais intensidade e abrangência, as discussões acerca dos rumos do socialismo na ilha.

Autor: Jorge Luis Acanda

Ano: 2006

Editora UFRJ

Preço: R$ 38,00

Futebol & Política na UFRJ

capa do livro

O livro Memória social dos esportes. Futebol e política: a construção de uma identidade nacional, organizado pelos professores do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) Francisco Carlos Teixeira da Silva e Ricardo Pinto dos Santos (pesquisador do Laboratório do Tempo), será lançado no evento “Futebol & Política”. Promovido pela Livraria Leonardo da Vinci, trata-se de um encontro de pesquisadores e amantes da história e do futebol, que acontecerá na próxima quarta-feira, dia 28, às 18h30min, na sede da livraria, que fica na avenida Rio Branco, 185, subsolo, Centro. As atividades serão mediadas por Victor Andrade de Melo, professor da pós-graduação em História Comparada. A obra é fruto de análises desenvolvidas pelo Laboratório de Estudos do Tempo Presente, do IFCS, que também desenvolve pesquisas pertinentes sobre terrorismo, cultura, movimentos sociais, estratégia mundial etc. Mais informações pelo telefone (21) 2533-2237, e-mail info@leonardodavinci.com.br, ou site www.leonardodavinci.com.br. A entrada é franca.